Para ensinar português a estrangeiros, o Itamaraty disponibilizava na Internet uma apostila com diversas frases preconceituosas e de juízo de valor contra o ex-presidente Lula e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Frases machistas contra o aborto e cabelos crespos ou cacheados, por exemplo, também faziam parte do livro.
A apostila, elaborada pela professora Airamaia Chapina, que tem uma escola de idiomas em São Paulo, trazia um enunciado que apontava o ex-presidente como corrupto. “Se eu soubesse que o Lula seria tão corrupto e se envolveria com o mensalão, eu não teria votado nele”, diz o texto.
Sobre o MST, o livro associa o movimento social a "apropriação" de terras. “Se o MST se () de nossas terras, nunca mais () reavê-las”, diz a frase, que deixa espaços para que o aluno complete com a conjugação dos verbos "apropriar" e "conseguir".
Em outros enunciados, há a associação de beleza feminina a cabelo liso. Para ensinar a conjugação do verbo “ficar”, o texto pede que o estudante complete a sentença: “Se ela alisasse o cabelo, ela () mais bonita”.
Questionado por Gustavo Maia, do jornal O Globo, o Itamaraty afirmou que o material “não se coaduna com as diretrizes estabelecidas pelos guias curriculares” e, por isso, foi “prontamente retirado da página eletrônica da Rede Brasil Cultural”.
De acordo com a pasta, o material estava no ar desde 2013 e que foi incluído no sistema por “terceiros”.