“Já perdemos as contas de quantos crimes de responsabilidade Bolsonaro cometeu”, diz José Guimarães

Para deputado, os áudios vazados pelo senador Kajuru configuram mais um crime e se o presidente sancionar o Orçamento vai cometer o de pedaladas fiscais, o mesmo que foi justificativa para o impeachment de Dilma Rousseff. Em sua avaliação só há uma saída: o fim do governo

José Guimarães (Foto: Divulgação)
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O deputado federal José Guimarães (PT-CE) disse que já perdeu a conta de “quantos crimes de responsabilidade o governo Bolsonaro já cometeu” nos últimos dois anos. Em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia desta terça-feira (13), o parlamentar falou sobre o último deles revelado pela divulgação da conversa entre o presidente Jair Bolsonaro e o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO). “Não podemos achar que o Brasil está vivendo um período de normalidade”, afirmou.

Guimarães lamentou que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), não instale uma CPI Mista (junto com a Câmara). De acordo com o deputado, a CPI também não terá seu escopo ampliado como queria Bolsonaro para que fossem investigados estados e municípios. “O regimento não permite investigar governadores e prefeitos”, explicou.

“Vamos iniciar o diálogo para que seja instalada também uma CPI na Câmara, para investigar o governo federal. Quem tem poder para investigar governador é a Assembleia Legislativa. Nós queremos investigar a omissão e as responsabilidades do governo federal”, diz. “Quem é o responsável? A pandemia está matando? Está. Mas no Brasil está matando mais do que nos outros países. Muito mais. Tem razões para isso, é culpa de quem não tomou medidas para segurar a onda.”

Guimarães disse que a oposição também vai trabalhar para fortalecer a CPI do Senado, que, em sua opinião, deve ser chamada de CPI do Genocídio. E que é importante que o relator seja o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), o autor inicial do pedido de CPI. “Quem encaminha os pedidos ou relata ou é presidente.”

Para o parlamentar, a comissão deve começar a investigação com a crise no início do ano no Amazonas, que levou pessoas a morte por falta de oxigênio. “A partir dali, tem que investigar por que não foram compradas vacinas. Por que o governo brasileiro se recusou a comprar 70 milhões de doses da Pfizer em agosto do ano passado? Quem deu a ordem? O ministro da Saúde? O presidente? Por que não foram liberados recursos para novos leitos de UTI? O governo mente, a liberação feita é de recursos já vinculados. Qual foi o montante enviado aos estados daquilo que é só da pandemia?”, questionou.

Em comunicado em janeiro deste ano, a Pfizer disse que ofereceu ao governo brasileiro a possibilidade de comprar 70 milhões de doses de sua vacina contra a Covid-19 em 15 de agosto, com entrega prevista a partir de dezembro de 2020 e não teve acordo com o governo federal. Kajuru afirmou, nesta segunda-feira (12), que Jair Bolsonaro deixou o presidente da farmacêutica esperando por dez horas e não o atendeu: “O presidente da Pfizer veio ao Brasil no ano passado para oferecer vacina ao presidente Bolsonaro. Ele chegou no Palácio [do Planalto] às 8 horas da manhã. Às 18 horas – olha o tempo que ele ficou lá, o chá que ele levou -, disseram a ele que o presidente não poderia atendê-lo. Isso é gravíssimo, certo?”

Para Guimarães, a repercussão negativa dos áudios de Bolsonaro com Kajuru ampliou o clima para o impeachment e é hora de mobilização para isso. “Não é possível, o Brasil não vai aguentar. É uma questão de vida. É só pegar a quantidade de mortes, a fome, pobreza, carestia, não tem retomada de crescimento na economia”, afirmou. “Dificilmente Bolsonaro vai poder vetar o Orçamento, se ele vetar vai comprar uma briga do tamanho do mundo com o centrão”, explicou. “Não tem como não sancionar, e, ao sancionar o Orçamento, vai cometer também crime de pedalada fiscal, aquilo que imputaram à Dilma. O governo Bolsonaro está em volta de uma profunda crise. É econômica, porque o Guedes não entregou nada, é um vendedor de ilusões. O Brasil naufragou em alto mar. Só há uma saída: o fim do governo.”

Assista à entrevista completa a partir do minuto 38

https://youtu.be/VYWfQQYggVw