Janaina Paschoal diz que se arrepende de ter votado em Bolsonaro e defende afastamento

O outro autor do impeachment de Dilma Rousseff, Miguel Reale Júnior, quer que MP determine que uma junta médica avalie sanidade mental de Bolsonaro

Janaína Paschoal e Jair Bolsonaro (Arquivo)Créditos: Arquivo
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Os dois autores do processo de impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, Janaina Paschoal e Miguel Reale Júnior, agora defendem também um afastamento de Jair Bolsonaro - ainda que não falem exatamente em impeachment.

O presidente foi criticado por ambos devido sua postura diante da pandemia do coronavírus. Sob suspeita de estar com a doença, Bolsonaro foi à manifestação em seu favor em Brasília, no domingo (15), e cumprimentou apoiadores. Além disso, ele incentivou os atos públicos com grandes aglomerações, indo contra as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Para a deputada estadual Janaina Paschoal (PSL-SP), Bolsonaro cometeu "homicídio doloso". “Quando as autoridades têm o poder/dever de tomar providências para evitar um resultado danoso e assim não procedem, elas respondem por esse resultado. Isso é homicídio doloso”, disse nesta segunda-feira (16) na tribuna da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).

"Esse senhor tem que sair da Presidência da República. Deixa o [vice-presidente Hamilton] Mourão que entende de defesa. Nosso país está entrando em uma guerra contra um inimigo invisível. Deixa o Mourão, que é treinado para defesa, conduzir a nação", disparou a parlamentar, que em 2018 explicitou publicamente seu apoio a Bolsonaro.

Ela diz agora, porém, que se arrependeu de seu voto. "Eu me arrependi do meu voto. Que país é esse? Como é que esse homem vai lá, potencialmente contaminando as pessoas, pegando nas mãos, beijando? Ele está brincando? Ele acha que ele pode tudo? As autoridades têm que se unir e pedir para ele se afastar. Nós não temos tempo para um processo de impeachment. Nós estamos sendo invadidos por um inimigo invisível", afirmou.

Já Rale Júnior, que foi ministro da Justiça de Fernando Henrique Cardoso, quer que o Ministério Público Federal determine que uma junta médica avalie a sanidade mental do presidente. Para ele, Bolsonaro deve ser considerado "inimputável" por ter participado do ato público de domingo.

"Seria o caso de submetê-lo a uma junta médica para saber onde o está o juízo dele. O Ministério Publico pode requerer um exame de sanidade mental para o exercício da profissão. Bolsonaro também está sujeito a medidas administrativas e eventualmente criminais. Assumir o risco de expor pessoas a contágio é crime", disse em entrevista ao Estadão.

Apesar de uma avaliação de sanidade mental poder levar ao afastamento de Bolsonaro, Reale Júnior não defende um processo de impeachment. . "O impeachment é um processo muito doloroso", declarou.