Janot diz que Aécio o ofereceu cargo de vice-presidente para barrar investigações

"É óbvio que era uma tentativa de cooptação. As investigações da Odebrecht estavam andando", disse o ex-PGR sobre o convite de Aécio, que queria ser candidato à presidência em 2018, para que Janot fosse seu vice; ex-PGR revelou ainda ter recebido proposta parecida de Michel Temer, também em uma aparente tentativa de barrar investigações

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Rodrigo Janot resolveu disparar sua metralhadora giratória. Ele revelou ao Estadão, nesta quinta-feira (26), que chegou a ir armado ao Supremo Tribunal Federal (STF) para matar o ministro Gilmar Mendes, sinalizou que o ex-juiz Sérgio Moro protegia Eduardo Cunha e, em uma série de revelações feitas à revista Veja, disse que o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG), em 2017, o convidou para ser candidato a vice-presidente em uma chapa com o tucano. O ex-procurador-geral da República não aceitou o convite, e avaliou que aquela era uma tentativa de Aécio Neves de paralisar as investigações de corrupção contra ele. “Certo dia, em 2017, meu conterrâneo, o senador Aécio, sentiu que o clima estava aquecendo com as investigações sobre a Odebrecht e me convidou para ser ministro da Justiça quando ele fosse eleito presidente da República no ano seguinte. Eu, é claro, declinei. Dias depois, ele voltou e me fez outra proposta: ‘Quero pedir desculpa. O convite não estava à sua altura. Eu acho que você podia ser o meu vice-­presidente. Você escolhe qualquer partido da base, filia-se e vai ser o meu vice-presidente. Isso vai ser um fato mundial. O vice-presidente chama embaixadores, representantes de Estado e ele vai para a cozinha cozinhar para essas pessoas. Eu sei que você gosta de cozinhar’. É óbvio que era uma tentativa de cooptação. As investigações da Odebrecht estavam andando e depois o caso JBS foi o tiro de misericórdia contra ele", contou Janot. Ele revelou ainda que recebeu uma proposta muito parecida do ex-presidente Michel Temer, que também teria como objetivo se blindar das investigações que pesavam contra ele. "O ex-­ministro Eliseu Padilha me sondou para que eu partisse para um terceiro mandato como procurador-geral da República. Depois fui sondado para ser ministro do Supremo. Na sequência, Gustavo Rocha (ex-­subchefe de Assuntos Jurídicos e ex-­ministro dos Direitos Humanos) me ofereceu o cargo que eu quisesse. Eu brinquei que queria ser embaixador do Brasil na Comunidade de Países de Língua Portuguesa, porque eu moraria em Lisboa, não faria nada e seria como a rainha da Inglaterra. O Gustavo Rocha disse na hora: ‘O cargo é seu, é seu’. Mas eu estava brincando", detalhou o ex-PGR.