Joice Hasselmann diz que vai sair do PSL contra "entrega" do partido a Bolsonaro: "Prostituição"

Segundo a deputada, presidente "cooptou" a legenda dando emendas e cargos; ela ainda acredita que o PSL pode emplacar vice na chapa de Bolsonaro em 2022

Joice Hasselmann durante depoimento na CPMI das Fake News (Foto: Geraldo Magela/Agência Senado)
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A deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) anunciou, em entrevista ao jornal Estadão nesta segunda-feira (14), que vai sair do PSL, motivada por uma suposta "entrega" do partido ao presidente Jair Bolsonaro. Ela informou que protocolará junto ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ainda nesta segunda, um pedido de desfiliação alegando "justa causa".

Segundo a parlamentar, que se elegeu apoiando o bolsonarismo, chegou a ser líder do governo na Câmara e depois rompeu com Bolsonaro, o presidente do PSL, Luciano Bivar, transformou a legenda em um "balcão de negócios" ao aceitar cargos e emendas do governo em troca de cargo na mesa diretora da Câmara. A deputada classificou a prática como "prostituição".

"Não posso estar em um partido amorfo, que virou um balcão de negócios. O PSL hoje é um partido que se entregou ao bolsonarismo, ao próprio presidente da República, para que o presidente da legenda (Luciano Bivar) ganhasse um cargo na Mesa Diretora da Câmara. Para mim, o nome disso é prostituição. Não é uma questão de ter mudado de lado por bandeiras políticas. É um partido de cacique. Acabou isso de ser um partido liberal, de que quem manda é a bancada. É tudo mentira", disse Joice.

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"Quando eu estava lá, como líder, era mais animado. Eu me impunha como líder do governo para o próprio presidente, mas a duras penas. Formamos um grupo chamado 'PSL Raiz'. Era equilibrado, meio a meio. De um lado 'Raiz' e de outro 'Bolsonaristas', os loucos radicais. Depois deu uma virada e ficamos em um número muito menor, porque o governo cooptou, dando emenda, cargo, e o presidente do partido ofereceu mundos e fundos, milhões de fundo eleitoral para a próxima eleição. O pessoal foi tudo no barquinho lá do trem da alegria", completou a congressista.

Joice revelou, ainda, que estaria sendo alvo de "perseguição" por pessoas que fariam parte do "gabinete do ódio" dentro da sigla. "Major Vitor Hugo (GO), Bia Kicis (DF), Carla Zambelli (SP). Esse time, que na verdade são todos asseclas do Eduardo Bolsonaro (SP), um apêndice do pai. O PSL está condenado a ser o mesmo partidinho que começou, uma legenda de aluguel", detalhou.

Para a parlamentar, Bolsonaro não se filiará ao PSL, mas o partido deve emplacar um vice em sua chapa para a disputa da presidência da República em 2022.

Confira a íntegra da entrevista aqui.