Juiz que fazia campanha pró-Moro agora critica ministro por cargo em governo Bolsonaro

“Sergio Moro deixou a magistratura para fazer parte do governo Bolsonaro, que foi de certa forma beneficiado", comentou o desembargador do TRF3, autor do artigo "Somos todos Sergio Moro"

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
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O desembargador federal Nino Toldo, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), autor do artigo "Somos todos Sergio Moro", publicado em 2016, agora critica o ex-juiz por atitudes ao longo dos últimos anos e que contribuem com o questionamento de sua imparcialidade. O juiz cita como exemplo ida de Moro para o governo de Jair Bolsonaro, assim como as mensagens trocadas com procuradores e que foram reveladas pela Vaza Jato. “O juiz Sergio Moro deixou a magistratura para fazer parte do governo Bolsonaro, que foi de certa forma beneficiado, não pela Lava Jato em si, mas por tudo o que acontecia naquela situação”, disse, em entrevista à Folha de S. Paulo. Toldo também se diz "frustrado" com os impactos negativos que as atitudes do ministro geram à Lava Jato, trazendo retrocessos no combate à corrupção. "É fundamental, para que o sistema de Justiça funcione bem, que não exista nenhum questionamento quanto à imparcialidade do juiz. O juiz não deve dar motivo para que a sua imparcialidade seja questionada. Uma certa frustração que gera é que isso possa estar sendo questionado agora", comentou. O juiz também afirma que diálogos revelados pela Vaza Jato insinuam envolvimento de Moro com a investigação. "É o que foi insinuado a partir daquilo que foi divulgado, sempre partindo do pressuposto que aquilo [as mensagens] seja verdade —porque há o questionamento. São diálogos que não deviam ter ocorrido, a meu ver", disse.