Laudo da PF sobre mensagens da Lava Jato omitiu checagens técnicas que podem comprovar autenticidade

Peritos não cruzaram nem checaram informações, não auditaram arquivos e não indicaram inconsistências. Documento foi apresentado às vésperas de julgamento que pode rediscutir suspeição de Moro

Sérgio Moro - Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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A perícia da Polícia Federal que questionou a autenticidade e integridade dos diálogos trocados entre procuradores da Lava Jato, obtidos após invasão hacker do armazém de dados do procurador Deltan Dallagnol, não apresenta checagens técnicas que poderiam comprovar a veracidade das conversas.

Segundo reportagem do portal Conjur, os peritos não cruzaram nem checaram informações, não auditaram os arquivos e não indicaram inconsistências para concluir que os diálogos "podem ter sido" adulterados.

O hacker Walter Delgatti não invadiu o grupo de Telegram dos procuradores, mas sim o armazém de dados que Deltan armazenou na nuvem. Posteriormente, os arquivos eram baixados via Dropbox. O próprio Dropbox explica que qualquer alteração feita pode ser verificada, mas essa informação não consta no laudo da PF.

As conversas também citam ofícios, decisões, notícias, reuniões, viagens que poderiam ter sido checados por meio de buscas na internet, em agendas oficiais, publicações ou bilhetes aéreos. Essas informações, no entanto, não foram checadas na perícia.

Além disso, alguns procuradores receberam cópia dos arquivos hackeados e nunca apontaram divergências entre o que escreveram e o que foi apreendido. Ao contrário, a procuradora Jerusa Viecili pediu desculpas a Lula pelo que disse a respeito do velório do neto do ex-presidente. O ex-juiz Sergio Moro também pediu desculpas ao Movimento Brasil Livre (MBL) por ofensas nos diálogos.

O documento da PF foi apresentado às vésperas do julgamento do recurso da Procuradoria-Geral da República que tenta reverter a decisão que anulou as ações penais contra Lula no âmbito da Lava Jato. Há também a preocupação de que o caso da suspeição de Moro possa ser rediscutido a partir do julgamento, que foi marcado para esta quarta-feira (14).