O advogado e professor Lenio Streck, integrante do Grupo Prerrogativas, fez duras críticas ao presidenciável Sergio Moro (Podemos), especialmente pela atuação do ex-juiz na consultoria estadunidense Alvarez & Marsal.
Streck rebateu o fato de que Moro, como afirma constantemente, combateu a corrupção quando comandava as ações da Operação Lava Jato. O advogado foi entrevistado no Fórum Onze e Meia desta sexta-feira (21).
Ele ressaltou a necessidade de se conceituar o que é corrupção. No caso de Moro, segundo Streck, vale a definição: “Corrupção não é um mau negócio quando somos convidados a participar. Se não somos, é um mau negócio. Se formos convidados, não é corrupção. Porém, não é a dimensão da propina que elimina o ato”, exemplificou.
O integrante do Grupo Prerrogativas analisou o fato de Moro ter trabalhado na consultoria Alvarez & Marsal, logo após deixar o cargo de ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro.
“A princípio, não haveria problema em Moro trabalhar na empresa, que, por sua vez, teria o direito de contratar quem quisesse. A questão é que a consultoria contratou um ex-juiz que lidou com as empresas que estão em recuperação judicial por causa da atuação da Lava Jato, comandada por Moro, como no caso da Odebrecht”, destacou Streck.
O advogado considera que há uma clara questão ética de impedimento. “Moro não poderia atuar nessa empresa. É um escândalo. Diretores da Odebrecht fizeram inúmeras delações premiadas para a Lava Jato e muitos recebiam para delatar. Há uma série de mistérios. A Odebrecht quebrou por conta da Lava Jato e surge no final da estrada a figura de Moro. É muita coincidência”, ironizou o advogado.
Dados do Tribunal de Contas da União (TCU), divulgados discretamente pela revista Veja nesta quinta (20), revelam que 75% do faturamento da empresa no Brasil vieram de empresas investigadas pela Lava Jato e que foram entregues pela Justiça à consultoria estadunidense que empregou Moro em processos de recuperação judicial.
“Moro conspurca a magistratura”, afirma o advogado
Lenio Streck mencionou outro exemplo da conduta, no mínimo questionável, do ex-juiz e hoje presidenciável.
“Moro conspurca a magistratura. Ainda como juiz ele participou de um churrasco na casa de um amigo, em Curitiba, e quem estava presente? Paulo Guedes, que convidou o juiz da Lava Jato, que tinha acabado de prender Lula, para participar do possível governo de Jair Bolsonaro. Isso aconteceu dez dias antes do segundo turno da eleição de 2018. Em seguida, ele vai para o governo”, relatou.
Streck ressaltou, ainda, que Moro foi um péssimo ministro da Justiça. “Quando ele estava no governo, foram feitas ‘X’ apreensões no combate ao crime organizado. Depois que ele deixou a pasta, foram ‘5X’”.
Streck destaca apoio da grande mídia a Sergio Moro
O advogado também comentou o apoio descarado da chamada grande mídia a Sergio Moro, destacando que os malfeitos praticados pelo ex-juiz não são veiculados.
“Há uma barreira na grande mídia, que não quer enfrentar essa discussão e poupa Moro. Ela centra em Bolsonaro e dissemina a tese que há dois demônios, Bolsonaro e Lula. Além disso, sugere que o Supremo Tribunal Federal (STF) cometeu crime ao usar provas ilícitas para determinar a suspeição e a parcialidade de Moro nas ações contra Lula. É uma tese safadamente mentirosa”, ressaltou.
Sobre ataque de Moro ao Prerrogativas: “Paradoxo do mentiroso”
Streck rebateu as recentes críticas de Moro ao Grupo Prerrogativas. “Ele ataca advogados e esquece que ele é um advogado. Entra no paradoxo do mentiroso. Ele acha que é um outsider e ataca o Prerrogativas, mas esquece que acabou de ganhar uma fortuna como advogado. Isso é dissonância cognitiva ou é mau-caráter. A OAB deveria tomar providências”.