Livro lançado nos EUA aponta misoginia em golpe contra Dilma Rousseff

Autores dizem que impeachment foi tentativa de desempoderar a ex-presidenta e enfraquecer outras mulheres que buscam espaço na política

Dilma Rousseff - Foto: Lula MarquesCréditos: Roberto Stuckert
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Um livro lançado em fevereiro nos Estados Unidos analisa a influência do machismo na articulação pelo impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, que completa cinco anos em 2021. Para Pedro A. G. dos Santos e Farida Jalalzai, autores da obra, a misoginia foi elemento importante para viabilizar o golpe contra a petista.

Em “Women’s Empowerment and Disempowerment in Brazil: The Rise and Fall of President Dilma Rousseff” (empoderamento e desempoderamento das mulheres no Brasil: ascensão e queda da presidente Dilma Rousseff), os autores destacam que o processo de impeachment virou fundamentalmente uma disputa por espaço.

“Embora a misoginia não seja a única razão pela qual a presidenta Rousseff foi derrubada, foi um elemento importante na tentativa de desempoderar a presidenta (colocando-a em seu lugar) e, consequentemente, enfraquecer as mulheres que buscavam entrar nos espaços masculinos na sociedade brasileira,” sustentam Santos e Jalalzai.

Os autores também apontam que a derrubada de Dilma pôs fim ao empoderamento das mulheres nos mais importantes cargos políticos. Um dos capítulos da obra é dedicado à análise do teor machista de vários ataques contra a ex-presidenta durante o processo de impeachment. Na época, o movimento pela saída de Dilma ganhou o nome de "tchau, querida", expressão apontada como misógina por diminuir a figura da ex-presidenta.

Uma das conclusões dos autores no livro é que o empoderamento das mulheres oferece benefícios para a sociedade como um todo. “Embora alguns possam estar convencidos de que empoderar as mulheres é um jogo de soma zero,” sustentam os autores. “Sabemos que empoderar as mulheres empodera todos nós”, finalizam.

Com informações da Folha de S.Paulo