Lula recebe visita de senadores e dispara: "Não estou preocupado comigo, mas com o Brasil"

A comissão de senadores que visitou Lula na sede da Polícia Federal em Curitiba informou que as condições da sala onde o ex-presidente está detido são relativamente boas, mas preocupa seu isolamento. De acordo com a comitiva, ex-presidente pede para que a resistência e a mobilização continuem

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[caption id="attachment_130487" align="alignnone" width="960"] Foto: Ricardo Stuckert[/caption] Onze senadores da Comissão de Direitos Humanos, depois de autorização da Justiça, entraram na superintendência da Polícia Federal em Curitiba na tarde desta terça-feira (17) para uma vistoria das condições da sala especial onde o ex-presidente Lula está preso. Em coletiva após a vistoria, os senadores informaram que falaram com o ex-presidente e disseram que as condições da sala especial são relativamente boas. Na sala de Lula, há uma cama confortável, um televisor, uma mesa com cadeiras, guarda-roupas e um banheiro em boas condições de higiene. De acordo com a comitiva que entrou na PF, Lula diz estar tranquilo e que não está preocupado consigo, mas sim com a instabilidade do Brasil. "O presidente Lula está tranquilo e indignado. Indignado com a distorção da narrativa pela mídia. Ele disse que a única arma que ele tem é sua inocência. Por isso que ele se submeteu. Poderia ter pedido asilo, mas ele acredita na democracia e na Justiça. Essa é a informação que mais me surpreende. Sua crença na democracia e na Justiça", disse o senador João Capiberibe (PSB-AP) "Não estou preocupado comigo, minhas condições de vida aqui não são muito diferentes dos últimos 20 anos. Não frequentei um restaurante, não fui ao cinema. Ficava em casa. Estou preocupado é com a instabilidade que o país atravessa", teria dito Lula. A ideia dos senadores que fizeram a vistoria é, agora, elaborar um relatório e pleitear o direito do ex-presidente de receber visita de amigos. Apesar das boas condições da sala em que está detido, os senadores estão preocupados com o isolamento de Lula, que só tem direito a uma visita por semana. "É um homem de 72 anos, interativo, que passava os dias conversando, discutindo, trabalhando, e agora está isolado. Tem que permitir as visitas dos amigos, da família. Ele precisa ter diálogo com mais pessoas. É um preso político", disse o senador Capiberibe. "O Lula tem muitos amigos. Lula não é um bandido, não é um criminoso. Como não deixam Lula receber visitas? A lei de execução penal garante a Lula receber visita dos amigos. Isso é um regime de exceção", completou a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) O senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que também integrou a comitiva que entrou na PF, por sua vez, disse que sai de lá "indignado". "O Lula é um gigante. Ele, numa situação dessas, que pegou a gente pelo braço e nos convocou a continuar a luta. Mas não dá para esconder minha indignação de ver um homem que fez tanto pelo povo preso desse jeito, isolado. Saio dessa visita com mais força, com mais indignação para continuar nossa luta. Eles, a Globo, querem naturalizar a prisão do Lula, querem esfriar. Nós não vamos aceitar isso. Enquanto Lula estiver preso ilegalmente, vai ter mobilização em todo o país", afirmou. Os senadores informaram ainda que o ex-presidente ouve todas as manifestações do acampamento "Lula Livre", montado nos arredores da sede da PF, e que ele convocou a militância a seguir com as mobilizações e com a resistência em prol de sua liberdade.