Mano Brown diz que se arrepende de crítica ao PT: “Doeu em mim”

Em ato que antecedeu o segundo turno das eleições de 2018, o rapper foi vaiado por dizer: “Falar bem do PT para a torcida do PT é fácil, tem que falar para uma multidão que precisa ser conquistada, se não vamos cair no abismo”

Foto: Divulgação
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O rapper e ativista Mano Brown se disse arrependido por ter feito um discurso com críticas ao PT, durante um evento de campanha de Fernando Haddad, nas eleições de 2018, pouco antes do segundo turno. Em entrevista ao jornalista Ademir Quintino, ele afirmou que Lula está preso injustamente, porém, se sentiu “sozinho”, no momento em que foi atacado pela direita por uma foto com o ex-presidente. “Eu tive vários sentimentos em relação àquilo. Até de arrependimento, não vou mentir. Lógico que ali foi uma navalha na carne, doeu em mim também. Eu não sou do PT. Eu sou da ideia. Não sou filiado ao PT, não recebo nada do PT, entende? Nunca quis e não é para isso que eu fiz nada. O rap não está aí para viver do dinheiro do governo, seja lá quem for, nem do PT, nem que fosse do Che Guevara, nem que fosse Malcolm X presidente. Nosso movimento não pertence à direita nem à esquerda”, declarou Brown. No ato, que ocorreu em 23 de outubro, no Rio de Janeiro, o músico disse: “Falar bem do PT para a torcida do PT é fácil, tem que falar para uma multidão que precisa ser conquistada, senão vamos cair no abismo”. Na hora, ele foi vaiado pela plateia. Brown também abordou a famosa foto com Lula, que provocou ódio da direita e, segundo ele, indiferença da esquerda: “Aquela foto que tirei com o Lula e o Chico Buarque de Holanda, naquele jogo de futebol em São Bernardo, repercutiu muito. Quando a direita me atacou em peso na minha rede social por causa daquela foto e a esquerda se calou, falei: ‘Opa, estou sozinho’. Falei: ‘Nossa, não sabia que eu era tão minoria assim”’, ironizou. [caption id="attachment_175157" align="alignnone" width="500"] Foto: Ricardo Stuckert[/caption] Em relação a Lula, aliás, Brown criticou a prisão do ex-presidente: “Acho que ele foi preso de forma injustiçada. Não tenho provas, não sou investigador, não sou advogado, nem tenho procuração e autoridade para falar sobre isso. Falo como simpatizante da ideia. Pode soar leviano, inclusive, como muitas vezes sou leviano fazendo comentário de coração aberto. Eu não sabia que era visto como um monstro. Eu falo como cidadão, mas o que eu falo soa como uma monstruosidade”. Processo delicado O rapper mencionou, ainda, sua avaliação a respeito do resultado eleitoral: “Tem que respeitar, é uma eleição. Assim se elege um presidente, com votos. Elegeram o outro presidente. Eleição acabou, bola para frente. Continuo sendo brasileiro, não sou alemão, não vou sabotar meu país, não vou cavar para cair, não vou pôr o pé na frente para ver cair, mesmo porque a navalha vai cortar para o lado mais fraco. Estamos passando por um processo político delicadíssimo, porque esse lance da reforma (da Previdência) pode sobrar para os velhinhos e aí vai ser injustiça em cima de injustiça”, acrescentou.

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