Manuela responde a Pedro Bial: “Nós não silenciamos. Lutamos por justiça em voz alta há décadas”

Pré-candidata à presidência rebate declarações do jornalista: em seu programa, ele disse que o PCdoB preferiu fingir que a guerrilha do Araguaia não aconteceu

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[caption id="attachment_133540" align="alignnone" width="472"] Foto: Mídia NINJA[/caption] Manuela D’Ávila, pré-candidata à presidência da República pelo PCdoB, divulgou uma carta aberta a Pedro Bial, da Rede Globo. Durante seu programa na última terça-feira (15), o jornalista, em conversa sobre a guerrilha do Araguaia, disse que “o PCdoB preferiu fingir que aquilo não aconteceu”. A deputada estadual se disse perplexa: “Bial, nós do PCdoB não silenciamos e nem fingimos que não aconteceu. Lutamos por justiça em voz alta há décadas e por gerações”. Acompanhe a íntegra da mensagem de Manuela a Bial: Carta aberta ao jornalista Pedro Bial: Oi Bial, tudo bem? Em 1 de janeiro de 2005 tomei posse como vereadora de Porto Alegre. Terminei o meu discurso de posse da mesma forma que já havia terminado outros tantos, afirmando que “tarda, tarda, tarda, mas não falha. Aqui está presente a juventude do Araguaia”. Essa palavra de ordem me acompanha desde 1999, ano em que me filiei à União da Juventude Socialista e, mais tarde, ao Partido Comunista do Brasil. Não por acaso, em 9 de dezembro, minha primeira agenda enquanto pré-candidata à presidência da República aconteceu justo em Marabá, no Sul do Pará, região marcada pela Guerrilha e pelo heroísmo dos camponeses e dos militantes comunistas. Ontem lhe ouvi dizer que o PCdoB “preferiu fingir que aquilo não aconteceu”. Fiquei perplexa. É verdade que a imprensa não tratou com a importância devida nossas caravanas à região do Araguaia em 2004 e 2014, quando levamos dezenas de jovens para conhecer a região e sua história. Também não deram a dimensão adequada às outivas dos torturados pela ditadura, na Comissão da Verdade, também em 2014. Você viu o filme de Ronaldo Duque chamado “Araguaia, a conspiração do silêncio”? Foi lançado uma década antes, em 2004, num congresso da UJS. Há também um documentário chamado “Camponeses do Araguaia - a guerrilha vista por dentro”. Foi produzido pela Fundação Mauricio Grabois a partir de depoimentos de moradores da região. É de 2010 e foi dirigido por Vandré Fernandes. São partes da nossa luta justamente para que a história não seja esquecida. A luta dos nossos camaradas no Araguaia está tatuada em nossos pensamentos. A história se mostra na construção do nosso presente. A fundação de nosso partido chama-se Mauricio Grabois, em homenagem ao principal comandante da Guerrilha, por exemplo. No Rio Grande do Sul, a União Estadual de Estudantes (UEE-livre) é conhecida como JUCA, em homenagem à João Carlos Hass Sobrinho, estudante de medicina executado na guerrilha. João Amazonas, fundador e presidente do partido, ao morrer, em 2002, teve suas cinzas jogadas no Araguaia. O pedido foi registrado em bilhete, em seus últimos momentos de vida. (a imagem é do bilhete escrito por ele). Bial, nós do PCdoB não silenciamos e nem fingimos que não aconteceu. Lutamos por justiça em voz alta há décadas e por gerações. Ficamos felizes que você tenha finalmente escutado. Afinal, nós sempre acreditamos que tarda, mas não falha. Beijo, Manuela [caption id="attachment_133541" align="alignnone" width="720"] João Amazonas, fundador do PCdoB, ao morrer, teve suas cinzas jogadas no Araguaia; o pedido foi registrado em bilhete, em seus últimos momentos de vida - Foto: Reprodução/Facebook[/caption]