Marcelo Freixo defende em artigo apoio do Psol a Baleia Rossi

"Bolsonaro não esconde que tem um plano golpista para 2022 e sabe que o Congresso Nacional tem centralidade nesse embate, que já está se desenrolando", diz Freixo. Leia o artigo na íntegra

Marcelo Freixo (Foto: Michel Jesus/ Câmara dos Deputados)
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Em artigo divulgado nesta quinta-feira (14), o deputado federal Marcelo Freixo (RJ) defendeu o ingresso da bancada do PSOL na frente ampla lançada por Rodrigo Maia (DEM-RJ) que lançou a candidatura de Baleia Rossi (MDB-SP) para a presidência da Câmara.

No texto, Freixo diz que é preciso derrotar Jair Bolsonaro, que "não esconde que tem um plano golpista para 2022 e sabe que o Congresso Nacional tem centralidade nesse embate, que já está se desenrolando". O deputado afirma que o presidente já escolheu seu candidato - Arthur Lira (PP-AL) - e que o PSOL precisa frazer frente diante das "ameaças explícitas" vindas do Planalto.

"O comando da Câmara não pode estar nas mãos de um aliado de Bolsonaro até 2022. Por isso, defendo o ingresso da bancada do PSOL, assim como fizeram todos os partidos de esquerda, no bloco democrático cujo candidato é o deputado Baleia Rossi", escreve Freixo.

O deputado PSOL ressalta, no entanto, que a aliança é "tática" e não "programática", "forjada pela urgência do momento e pela imediata necessidade de derrotarmos o representante do Planalto e impedirmos que Bolsonaro controle a agenda do parlamento pelos próximos dois anos".

Leia o artigo de Marcelo Freixo na íntegra

Precisamos derrotar Bolsonaro na Câmara

Jair Bolsonaro já anunciou publicamente quem é o seu candidato à presidência da Câmara dos Deputados e o que espera dele caso consiga elegê-lo: o apoio a uma pauta antidemocrática e violenta que passa pela ampliação da liberação de armas para civis, incluindo as de uso restrito, como fuzis; a aprovação da excludente de ilicitude e a retirada do controle dos governos estaduais sobre as polícias, institucionalizando a bolsonarização dos quartéis e criando uma polícia política.

Bolsonaro não esconde que tem um plano golpista para 2022 e sabe que o Congresso Nacional tem centralidade nesse embate, que já está se desenrolando. Não à toa, ele está leiloando cargos e liberando verbas de emendas parlamentares para comprar votos dos deputados para o seu candidato. O presidente inclusive já disse que se não for reeleito no ano que vem, a violência no Brasil será pior do que a dos EUA.

Diante dessas ameaças explícitas, o comando da Câmara não pode estar nas mãos de um aliado de Bolsonaro até 2022. Por isso, defendo o ingresso da bancada do PSOL, assim como fizeram todos os partidos de esquerda, no bloco democrático cujo candidato é o deputado Baleia Rossi. Essa não é uma aliança programática, é uma união tática, forjada pela urgência do momento e pela imediata necessidade de derrotarmos o representante do Planalto e impedirmos que Bolsonaro controle a agenda do parlamento pelos próximos dois anos.

São muitas as divergências que tenho com Baleia Rossi em relação à economia e ao papel do Estado no desenvolvimento socioeconômico do país. Entretanto, essa coalizão não significa um recuo. Pelo contrário: derrotado o candidato de Bolsonaro, seguiremos em trincheiras opostas, lutando por projetos distintos para Brasil, mas dentro dos marcos democráticos. E é justamente esse compromisso que nos une nesta conjuntura: a defesa da democracia, do Estado de Direito e do espírito da Constituição de 88.

Há quem ache que defender esses princípios é uma abstração. Não é. Quando falamos em proteger a Constituição, estamos nos referindo à garantia dos direitos das minorias, do controle sobre as polícias, do fortalecimento do SUS e da educação pública, dos limites para os avanços autoritários do Poder Executivo, da assistência aos mais pobres e da defesa do meio ambiente.

Também há quem defenda o voto em Baleia Rossi apenas no 2º turno. O problema é que o risco de não haver 2º turno é real. Essa é uma eleição extremamente polarizada e imprevisível, em que o tamanho da dissidência dentro das bancadas será decisiva e cada voto será fundamental. Não podemos errar.

As instituições, por mais frágeis e imperfeitas que sejam, são trincheiras que precisamos ocupar nessa batalha, porque o golpe bolsonarista é institucional, acontece por dentro do sistema democrático com o objetivo de subvertê-lo. O golpe não é uma ameaça, ele já está ocorrendo. Precisamos ter clareza disso e agir com a maturidade que esse desafio histórico nos impõe.

O PSOL tem debatido desde o fim do ano passado qual será seu posicionamento. Respeito profundamente essa discussão e seguirei a orientação do partido, mas quero deixar expressa a minha defesa pelo ingresso da bancada para fortalecer o bloco de enfrentamento ao bolsonarismo. O momento exige a formação de uma coalização capaz de derrotar os adversários da democracia.