Marco Aurélio Mello diz que escalada autoritária já está em curso: "Quem viver verá”

Assim como outros colegas do STF, o ministro criticou os atos pró-intervenção militar que contaram com a presença do presidente Jair Bolsonaro

Marco Aurélio Mello - Foto: STF
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O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, comentou sobre o ato promovido por seguidores do presidente Jair Bolsonaro em favor de uma intervenção militar realizados neste domingo (19) em Brasília. O magistrado criticou o ex-capitão, que participou da manifestação.

“Tempos estranhos! Não há espaço para retrocesso. Os ares são democráticos e assim continuarão. Visão totalitária merece a excomunhão maior”, afirmou Mello em entrevista a Rafael Moraes Moura, do Estado de S. Paulo. “Saudosistas inoportunos. As instituições estão funcionando”, completou.

Segundo Mello, os militares "não apoiam maluquices" disse não saber "onde o capitão está com a cabeça”. AO ser questionado sobre uma possível escalada autoritária, o ministro disse que ela já está em curso desde antes da eleição “desse populista de direita”.

“Premonição? Não. Experiência, considerado o contexto mundial e a vida pregressa, parlamentar dele. Quem viver verá”, afirmou o ministro.

No ato deste domingo, o ex-capitão insuflou os seguidores em aceno a uma escalada autoritária durante manifestação convocada em razão do Dia do Exército que pediu uma intervenção militar no país.

 “Vocês estão aqui porque acreditam no Brasil. Nós não queremos negociar nada, nós queremos é ação pelo Brasil. Nós temos um novo Brasil pela frente. Todos, sem exceção, têm que ser patriotas e acreditar, fazer sua parte, para colocar o Brasil num lugar de destaque e liderança”, afirmou.

Outros ministros Luis Roberto Barroso e Gilmar Mendes, também comentaram sobre o episódio e definiram o ato como “assustador” e contra a ” ordem democrática”. Já o presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, pediu a união dos democratas contra Bolsonaro.