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A visita que Jair Bolsonaro fez no dia 18 de março à Agência Central de Inteligência dos Estados Unidos (CIA) deverá ser motivo de questionamentos nos próximos dias. A deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) informou à Fórum que prepara um requerimento de informação a ser protocolado na Câmara dos Deputados em que exigirá explicações detalhadas do governo sobre a passagem da comitiva brasileira pela sede da agência conhecida mundialmente pela prática de espionagem.
À época, a imprensa brasileira noticiou com destaque que a visita de Bolsonaro à CIA não constava na agenda oficial. Esse, inclusive, deverá ser um dos questionamentos feitos pela deputada.
De acordo com Maria do Rosário, a passagem de Bolsonaro pela agência de espionagem "rompeu com a tradição altiva e soberana de nossa política externa, em uma demonstração de vassalagem nunca vista na história do Brasil".
Isso porque, conforme revelado em 2015 pelo site de vazamentos WikiLeaks, a CIA espionou o governo brasileiro, inclusive com grampos telefônicos no gabinete da presidência da República. A agência teria, ainda, espionado o Banco Central brasileiro, o avião presidencial e até mesmo a Petrobras. Ainda não se tem uma dimensão certa do nível de espionagem que os norte-americanos desempenharam - ou desempenham - contra o Brasil.
"É inaceitável que nossas relações exteriores sejam ditadas por tamanha submissão e falta de orgulho nacional", afirmou à Fórum a deputada federal.
O requerimento, que será protocolado na Câmara na próxima semana, deve destacar que a visita foi feita com dinheiro público e que, de acordo com a Constituição, o presidente da República deve zelar pela segurança interna do país, sob o risco de incorrer em crime de responsabilidade.
Com o requerimento, a parlamentar pretende fazer com que o presidente revele o real motivo da visita à CIA, por que a passagem pela sede da agência não constou na agenda oficial, o conteúdo da reunião com os representantes norte-americanos e, entre outros pontos, quais informações do Estado brasileiro foram repassadas.
Esta foi a primeira vez que um presidente brasileiro visitou a agência de espionagem norte-americana. Em tempo: Jair Bolsonaro foi à CIA antes mesmo de ir à sede da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).