Medo de impeachment deve fazer Bolsonaro recuar em boicote à Folha de S.Paulo

Ao ferir princípios constitucionais, como o da impessoalidade e da moralidade em licitação que excluiu o jornal, Bolsonaro pode ser alvo de um processo de impeachment

Bolsonaro (Foto: Reprodução)
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O medo de ser responsabilizado por excluir a Folha de S.Paulo de uma licitação sem citar critérios técnicos, tem feito Jair Bolsonaro pensar em recuar em relação à questão, segundo aliados em nota do coluna Painel, da própria Folha, nesta quinta-feira (5). Citando conversas entre ministros e deputados, o jornal diz que o presidente pode recuar da decisão. Ao ferir princípios constitucionais, como o da impessoalidade e da moralidade, Bolsonaro pode ser alvo de um processo de impeachment da Presidência, o que justificaria o medo de manter a palavra, que é parte de um levante contra o jornal da família Frias. A questão é mais um elemento nas conversas de bastidores sobre um possível fim de mandato de Bolsonaro. Porta-voz de banqueiros e grandes empresários, que concentram escritórios entre as avenidas Paulista e Brigadeiro Faria Lima, na capital paulista, o jornal O Estado de S.Paulo tem mandado recados sucessivos a Jair Bolsonaro que o tempo – e a paciência – dado a ele pelos detentores de um terço do PIB nacional para impor as reformas neoliberais está no fim e que o impeachment pode ser seu destino em um futuro próximo. A insatisfação crescente com as medidas atabalhoadas do governo é refletida nos boletins diários que chegam aos banqueiros em relatórios feitos pala Atlas Político, que tem revelado um derretimento da popularidade de Bolsonaro, que já atinge um em cada quatro brasileiros. As conversas sobre o fim da linha para Bolsonaro também é pauta nos corredores do Congresso Nacional até mesmo entre apoiadores do presidente, que levantam até mesmo hipóteses para iniciar o processo. Em áudio vazado nesta segunda-feira (2), o presidente do PSL do Rio Grande do Sul, o deputado federal Nereu Crispim, declara, em conversa com uma interlocutora a quem chama de Rose, que Jair Bolsonaro “vai tomar um impeachment” e liga a possibilidade à ligação do capitão com o esquema de candidaturas laranjas da sigla, que quase cassou o mandato do parlamentar. “Eu conheço o Bivar. E se houve alguma coisa lá errada, tem que cassar é o mandato do Bolsonaro, porque o partido tava com ele, não era com o Bivar, antes”, afirmou o deputado. Em outro trecho, ele declarou: “Eu vou só dizer uma coisa pra ti: o Bolsonaro vai tomar um impeachment. Escuta o que eu tô te dizendo”.