Mercadante lembra apoio do PT a Covas e diz que Alckmin resgata "PSDB histórico" com Lula

Ex-ministro também fez sinalização a Marina Silva (Rede), companheira de décadas: "Na hora da disputa às vezes tem uma canelada, mas não houve agressão moral"

O ex-ministro da Educação, Aloizio Mercadante. (Foto: Valter Campanato/Agência Brasil)
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Ex-ministro e um dos pré-coordenadores da campanha do ex-presidente Lula (PT), Aloizio Mercadante afirmou nesta quinta-feira (23) em entrevista à GloboNews que enxerga de forma "muito positiva" o diálogo entre o petista e o ex-governador Geraldo Alckmin sobre formar uma chapa para 2022.

O ex-senador lembrou do passado do PSDB, que também nasceu na luta contra a ditadura militar, e do apoio ao PT na época de Mário Covas, um dos fundadores do partido. "Quero lembrar que PSDB e PT em São Paulo, e nacionalmente, sempre tiveram muita divergência, sempre disputaram politicamente. Mas o PSDB histórico, de Mário Covas, apoiou o PT em São Paulo, e nós apoiamos na disputa contra o Maluf", afirmou Mercadante.

Para o ex-ministro, apesar das raízes do PSDB terem se perdido ao longo da história, é positivo que aja lideranças tentando reencontrar esse caminho de diálogo. "Lula está de parabéns em buscar negociação e tentar construir uma força política mais ampla para tentar reconstruir esse país", disse Mercadante.

Segundo ele, o Brasil de Bolsonaro está "fraturado". "Estamos vivendo um quadro econômico, social, político gravíssimo. Por isso é preciso buscar diálogo, buscar entendimento, recompor o campo democrático", afirmou.

"Essa extrema direita, o bolsonarismo, trouxeram o ódio, a intransigência. Nós vivemos um processo de deterioração do ambiente público. Os homens públicos que tem experiência e responsabilidade com o país tem que buscar reencontrar um caminho de diálogo para reconstrução do Brasil", continuou.

Mercadante manda "recado" para Marina

Mercadante também mandou um recado para Marina Silva, hoje na Rede Sustentabilidade, mas que integrou por anos o PT. Em 2014, a então candidata à presidência da República demonstrou mágoa com as críticas recebidas pelo Partido dos Trabalhadores durante a campanha eleitoral.

“Eu nunca imaginei, por mais criativa que eu fosse, que depois de 30 anos lutando no PT, depois de ter enfrentado jagunço, depois de lutar tanto pelo Lula, que seriam eles que iriam fazer de tudo para me destruir", disse na época.

Para Mercadante, na hora da disputa é normal ter "uma canelada", mas as críticas não chegaram nem próximo do que fizeram com Lula e Dilma Rousseff (PT).

"Militei com a Marina no PT durante anos, [ela] teve todos os cargos públicos pelo PT, foi sete anos ministra e deu uma grande contribuição. Na hora da disputa às vezes tem uma canelada, mas não teve nenhuma agressão moral, nada que chegue próximo do que fizeram com Dilma e Lula na história desse país. (...) Temos que olhar para a frente", afirmou.