Ministério da Justiça e Exército contratam cursos para “conhecimento de Deus”

O aplicativo “Pão Diário — Segurança Pública”, um dos produtos da organização contratada, oferece cursos como “Tornando Deus e Sua Palavra uma prioridade” e “Aprendendo a orar”

Anderson Torres e Bolsonaro, Foto: Marcos Corrêa/PR
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O atual ministro da Justiça, Anderson Torres, assinou acordo de parceria, em agosto de 2021, com o Ministérios Pão Diário, uma entidade religiosa que divulga conteúdos cristãos para profissionais da segurança pública.

O aplicativo “Pão Diário — Segurança Pública”, um dos produtos da organização, oferece cursos como “Tornando Deus e Sua Palavra uma prioridade” e “Aprendendo a orar”.

O acordo assinado com o ministério da Justiça foi gratuito e durará dois anos. O objetivo da parceria não é claro: envolve ações de “assistência espiritual, capelania e promoção da saúde e qualidade de vida” para profissionais da segurança pública.

Contratado pelo Exército

A entidade, no entanto, informou à Receita Federal ser uma organização religiosa sediada em Curitiba. No ano passado, foi contratada por R$ 11,2 mil pelo Exército, sem licitação, para distribuir 2 mil livros intitulados “Pão Diário Edição Militar”.

A obra em questão trata de “valores cristãos encontrados na sabedoria da Bíblia”. Entre os cursos estão “Quem é Jesus” e “Os Evangelhos”. Um dos programas de podcast foi batizado de “O Senhor é o meu Pastor”. E há ainda um plano de leitura denominado “Deus me ouve”.

Há ainda um outro contrato, de valor não informado, em que o Exército também intermediou a entrega de materiais da entidade na Operação Acolhida, que lida com imigrantes venezuelanos em Roraima.

“Conhecimento de Deus”

A entidade afirma que cerca de 50 mil servidores da segurança pública tiveram acesso a esses materiais, virtuais ou físicos. O aplicativo, que informou ter a missão de gerar “conhecimento de Deus”, cita parcerias com governos estaduais, como o do Ceará, mas sem dar detalhes.

O Ministério da Justiça foi procurado pela coluna de Guilherme Amado, mas não respondeu por que a pasta divulga religiões cristãs, as razões para a parceria nem como serão as atividades do acordo. A pasta também não forneceu documentos que basearam o acordo.