Ministro substituto de Salles exige lanche com filé mignon em voos oficiais

O ruralista Joaquim Álvaro Pereira Leite assumiu o Meio Ambiente em junho

Jair Bolsonaro e Joaquim Álvaro Pereira Leite | Foto: Marcos Corrêa/PR
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Joaquim Álvaro Pereira Leite, ministro do Meio Ambiente que chegou ao posto após a saída de Ricardo Salles, não pretende economizar no cardápio dos voos oficiais com aeronaves da FAB. Na licitação para as refeições, o ministro inclui filé mignon até nos lanchinhos.

Segundo reportagem de André Borges, do Estado de S. Paulo, o ministro incluiu uma lista farta no “termo de referência” para a contratação do serviço de serviço de comissaria aérea dos voos.

Além dos jantares, o Pereira Leite exige itens nada humildes para os lanches nas viagens. Quiches, sete tipos de sanduíche, incluindo filé mignon e atum, bandeja de frios, pizza, pão de queijo, iogurtes, café da manha quente e frio estão no cardápio do ministro. Ele também exige refrigerantes Coca-Cola e Guaraná Antárctica.

Ruralista no meio ambiente

O pedido de demissão de Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente fez com que o ruralista Joaquim Álvaro Pereira Leite fosse alçado ao comando da pasta em junho. Leite foi conselheiro da Sociedade Rural Brasileira (SRB), entidade que apoia a bancada Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), por 23 anos.

Antes de assumir o posto, Leite é conhecido no meio ruralista passou pela Secretaria da Amazônia e Serviços Ambientais e pela Secretária de Florestas e Desenvolvimento Sustentável durante a gestão de Salles. Ele era o representante de Salles no Conselho Nacional da Amazônia Legal, comandado pelo vice-presidente Hamilton Mourão.

Além disso, a família do novo ministro possui conflitos agrários com povos indígenas em São Paulo. Segundo reportagem do jornalista João Fellet, na BBC Brasil, documentos da Funai mostram que capatazes que trabalham para os Pereira Leite chegaram a destruir a casa de uma família indígena da TI Jaraguá.

Os Pereira Leite reivindicam um pedaço dessa TI, que é considerada a menor do país. Joaquim Álvaro Pereira Leite Neto, pai do ministro, chegou a “exigir que a Funai retirasse os marcos físicos do processo demarcatório da área indígena Jaraguá, alegando ser o proprietário da área, acusando agressivamente a Funai de estar praticando um crime”.

Conforme aponta a reportagem, os conflitos da família do ministro com os indígenas chegaram a ser documentados no livro “A grilagem de terras na formação territorial brasileira”, da geógrafa Camila Salles de Faria. “Esse Pereira Leite, a família Pereira Leite, ele ameaça muito o pessoal indígena… Que vai pôr fogo na casa, que vai destruir… Numa época ele até veio com uma maleta de dinheiro para mim querendo comprar a terra de mim”, diz relato ouvido pela geógrafa.