Moraes sobre "acordo" com Bolsonaro: "Aguardem o desenrolar dos inquéritos"

Bolsonaristas estão crentes que o ministro do STF firmou um "cessar fogo" com o presidente após a nota de recuo, mas interlocutores do magistrado garantem o oposto

Foto: Agência Brasil
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O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), teria dado recado a interlocutores que o questionam sobre suposto "acordo" com Jair Bolsonaro.

"Aguardem o desenrolar dos inquéritos", teria dito o magistrado, segundo informações da coluna Painel, da Folha de S. Paulo.

Moraes é o relator do inquérito que apura organização de atos golpistas e divulgação de fake news, e tem imposto uma série de revezes ao bolsonarismo. Não à toa que ele se tornou o principal alvo de ataque de Bolsonaro e seus apoiadores.

Após o presidente recuar, em nota, de suas falas pregando ruptura institucional nos atos de 7 de setembro, chegando, inclusive, a elogiar Moraes, bolsonaristas tem afirmado que o chefe do Executivo estabeleceu um "acordo" com o magistrado.

Foragido no México, o caminhoneiro Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como Zé Trovão, por exemplo, gravou um vídeo na última semana em que afirma esperar que seu mandado de prisão seja revogado pois “há um acordo”.

Zé Trovão  teve a prisão decretada por Moraes, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), por planejar atos violentos nas manifestações golpistas de 7 de setembro. O mandado de prisão não chegou a ser executado pois o bolsonarista fugiu para o México. A Interpol já foi acionada e ele é oficialmente considerado foragido.

“Passando aqui para informar a todos que continuo no aguardo da minha liberdade, da revogação da minha prisão. A esperança não se acaba. Não sei quanto tempo ainda vai levar, mas acredito muito que vai acontecer em breve. Existe um acordo e esse acordo deve ser respeitado. No momento propício vai acontecer”, disse o bolsonarista.

Os atos de Moraes, porém, não indicam que tenham existido qualquer acordo com Bolsonaro. Além de não ter revogado a prisão de Zé Trovão, o ministro, na última semana, encampou novas investidas contra os pares do presidente.

Em uma delas, o magistrado enviou ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) dados do inquérito das fake news que serão usadas em ação que pode cassar a chapa Bolsonaro-Mourão. Na outra, compartilhou com a CPI do Genocídio dados de inquérito sobre o financiamento de disparo de notícias falsas.