Moraes frustra estratégia de Bolsonaro e prorroga inquérito que investiga interferência na PF

Presidente disse que não iria depor e pediu que investigação fosse concluída, mas ministro deu prazo de mais 60 dias à apuração

O ministro Alexandre de Moraes e o presidente Jair Bolsonaro - Foto MontagemCréditos: Reprodução
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A estratégia do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) de tentar concluir logo o inquérito que apura suposta interferência dele na Polícia Federal (PF) fracassou. Nesta sexta-feira (27), ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu prorrogar a apuração por mais 60 dias. Moraes é relator do inquérito na Corte.

Na quinta-feira (26), a Advocacia Geral da União (AGU) havia informado ao ministro que o presidente tinha “declinado” de prestar depoimento. A AGU pedia, então, o encaminhamento “imediato” dos autos do processo à Polícia Federal para elaboração de relatório final.

Só que Moraes intimou o procurador-geral da República, Augusto Aras, para que se manifeste, em cinco dias, a respeito da necessidade do depoimento de Bolsonaro na investigação. E ainda prorrogou o inquérito, considerando a "necessidade de prosseguimento das investigações"

A apuração é baseada em denúncia feita pelo ex-ministro da Justiça Sergio Moro. Ele disse que Bolsonaro queria interferir na escolha de superintendentes da PF para proteger familiares e aliados. Alegou que, por isso, pedia demissão do cargo, em abril.

Quando o inquérito foi iniciado, seu relator era o ministro Celso de Mello, que se aposentou em outubro. Bolsonaro havia pedido para apresentar seu depoimento por escrito. No entanto, Mello recusou, alegando que ele era réu no inquérito e, portanto, deveria depor presencialmente.

A defesa de Bolsonaro recorreu, para evitar a fala presencial do titular do Planalto, e ainda havia pendente esse pedido de reconsideração no inquérito. A investigação estava paralisada desde o dia 17 de setembro por causa desse pedido.