Moro disse que “o presidente não sustentava a escolha na base dele”, revela Ilona Szabó

Em entrevista ao Estado de S.Paulo, cientista política disse que o MBL ajudou a “reverberar” a pressão nas redes e que o ministro da Justiça lamentou a decisão e pediu desculpas por sua exoneração

Foto: Reprodução/YouTube
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A cientista política Ilona Szabó, diretora do Instituto Igarapé, esteve envolvida em mais uma polêmica protagonizada pelo governo de Jair Bolsonaro. Nesta quarta-feira (27), ela foi nomeada por Sérgio Moro para integrar o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Porém, nesta quinta (28), depois de inúmeros protestos nas redes sociais de apoiadores de Jair Bolsonaro, o ministro da Justiça voltou atrás e revogou a nomeação de Ilona. Em entrevista a João Gabriel de Lima, para O Estado de S.Paulo, ela confirmou que quem a convidou para o cargo foi mesmo Sérgio Moro. “Ele me mandou um e-mail no dia 22. Dizia que eu seria suplente num primeiro momento, mas que suplentes e titulares seriam ouvidos igualmente, e que esperaria a primeira oportunidade para me tornar titular”. Em outro trecho da entrevista, Ilona conta que tomou conhecimento de sua exoneração nesta quinta: “Soube hoje (28). Ontem, quarta-feira, dia 27, estivemos com o ministro Sérgio Moro e sua equipe em Brasília. Ele havia feito esse convite já em Davos, mas ainda não havia concretizado por problemas de agenda. Expusemos os números e metodologias do Igarapé – como eu disse, temos, como o ministro, uma agenda técnica, de combate ao crime, sempre baseando-se em evidências. Foi uma conversa ótima”. No entanto, o cenário mudou de quarta para quinta: “Hoje começaram os comentários nas redes sociais. Foi a polêmica do dia. Colocaram a história na rede, e o Movimento Brasil Livre (MBL) ajudou a reverberar. São grupos que precisam de inimigos, e por isso não estão comprometidos com o debate democrático. Hoje cedo eu estava sentindo a temperatura bastante quente. Mandei uma mensagem para a chefe de gabinete. O ministro Sérgio Moro me ligou de volta. Dado o clima, eu sabia que o risco existia. O ministro me pediu desculpas. Disse que ele lamentava, mas estava sendo pressionado, porque o presidente Bolsonaro não sustentava a escolha na base dele”.

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