Moro na Veja: mesmo que mensagens do Intercept fossem verídicas, não haveria nelas nenhuma ilegalidade

O ex-juiz afirma ainda considerar possível que o julgamento do STF sobre a ordem das alegações finais leve à anulação da sentença sobre o sítio de Atibaia

Foto: Montagem/Reprodução
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Em entrevista de capa para a revista Veja que chega às bancas nesta sexta-feira (4), o ex-juiz e atual ministro da Justiça, Sérgio Moro, afirma que mesmo que as mensagens divulgadas pelo The Intercept Brasil entre outros veículos fossem verdadeiras, não haveria nelas nenhuma ilegalidade. “No caso das mensagens divulgadas pelo The Intercept Brasil e por outros veículos, mesmo que elas fossem verídicas, não haveria nelas nenhuma ilegalidade. Onde está a contaminação de provas? Não há. É uma questão de narrativa. Houve, sim, exagero da imprensa. Esse episódio está todo superdimensionado. A Polícia Federal está investigando as pessoas que invadiram os celulares. Não está descartada a hipótese de que houve interesses financeiros por trás desse crime. Esses hackers, pelo que já foi demonstrado, eram estelionatários. Mas nada vai mudar o fato de que a Operação Lava-Jato alterou o padrão de impunidade da grande corrupção. As pessoas sabem diferenciar o que é certo do que é errado.” Com relação ao pedido de suspeição de Moro, feito pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que pode vir a voltar o processo para a estaca zero, o ex-juiz diz estar com a consciência tranquila quanto ao que fez. “O ex-deputado Eduardo Cunha também diz que é inocente. Aliás, na cadeia todo mundo diz que é inocente, mas a Petrobras foi saqueada”, reitera. Moro diz ainda: “Sempre que há um julgamento importante, dizem que a Lava-Jato vai acabar, que tudo vai acabar. Há um excesso de drama em Brasília. As pessoas pensam tudo pela perspectiva do Lula, embora seja possível que o julgamento do STF sobre a ordem das alegações finais leve à anulação da sentença sobre o sítio de Atibaia. Lula está preso porque cometeu crimes”. Moro confessou que a eventual mudança de entendimento do STF sobre a prisão em segunda instância é o que mais o preocupa. “Espero, respeitosamente, que não ocorra. O Supremo terá de avaliar bem as consequências de uma eventual reversão sobre o movimento anticorrupção e sobre a esperança das pessoas por um país mais íntegro e mais justo. Agora, como tenho uma formação de agente da lei, de juiz, entendo que toda crítica deve respeitar a instituição, sendo o STF fundamental para a democracia”.