Morre o ex-governador do DF, Joaquim Roriz

Roriz foi denunciado por racismo, improbidade administrativa, falsidade ideológica, crimes contra a fé pública, desvios de verba do FAT, compra de merenda superfaturada e acordos de campanha com o bicheiro Manoel Dorso

Joaquim Roriz, à direita, acena ao receber o título de Cidadão Honorário de Brasília, em 2015. Foto: Tony Winston/Agência Brasília
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Joaquim Roriz, ex-governador do Distrito Federal, morreu na manhã desta quinta-feira (27), em Brasília, aos 82 anos. Internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Brasília desde 24 de agosto, por causa de uma pneumonia, Roriz teve um infarto do miocárdio e não resistiu. O estado de saúde de Roriz vinha se complicando nos últimos meses, devido a diabetes e à perda de memória. Há um ano, em 26 de agosto do ano passado, o político goiano foi submetido a amputação da perna direita, abaixo do joelho, e de dedos do pé esquerdo. Quatro dias depois voltou a ser hospitalizado no Hospital do Coração do Brasil, na Asa Sul.  Apesar de ser um procedimento agressivo, o ex-governador sequer percebeu que havia perdido parte do corpo, segundo a esposa de ex-governador, Dona Weslian Roriz. Em 1º de fevereiro último, o Correio Braziliense publicou laudo do Instituto de Medicina Legal, da Polícia Civil do DF. Nele, Roriz havia sido diagnosticado com “síndrome demencial, de etiologia mista, Alzheimer e vascular (CID10 F00.2 e F01.09), em estágio grave, com intensa repercussão sobre sua autonomia”. O exame consta de processo criminal em curso na 2ª Vara Criminal de Brasília. Trata-se de um incidente de sanidade mental, realizado para avaliar se o ex-governador tem compreensão da denúncia de corrupção que pesa contra ele. A resposta foi: não. Trajetória Joaquim Domingos Roriz nasceu em Luziânia (GO), distante 66km da capital federal. Foi governador do Distrito Federal por três mandatos. Foi nomeado governador do DF por José Sarney, em 1988. Integrou o ministério do ex-presidente Fernando Collor de Mello, em 1990. Foi ministro da Agricultura e Reforma Agrária por 14 dias. Renunciou ao cargo para concorrer ao Palácio do Buriti. Ganhou a eleição e chefiou o Executivo local entre 1991 e 1995. Ficou conhecido pela política habitacional de distribuição de lotes em áreas públicas, criando cidades como Ceilândia, Samambaia, Recanto das Emas, entre outras. Seu governo foi marcado pela remoção de favelas para assentamentos, conquistando seu eleitorado com a doação de lotes. As políticas direcionadas ao eleitor carente fazia com que a popularidade o colocassem sempre na liderança de pesquisas de intenção de voto. Ficou marcado também pelo destempero e pelo envolvimento em muitas polêmicas. Foi alvo de inquéritos no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Precisou se defender de denúncias de racismo, improbidade administrativa, falsidade ideológica e crimes contra a fé pública. Em 1994, diante dos eleitores, xingou a tucana Maria de Lourdes Abadia enquanto fazia campanha para o aliado Valmir Campelo. A ofensa fez com que o PSDB migrasse o apoio para o PT, no segundo turno, em 1994, ajudando Cristovam Buarque (PT) a se eleger governador. Ao assumir o terceiro mandato como governador do DF, em 1999, Roriz e equipe dele foram alvo de escândalos, com denúncias como as de desvios de verba do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), compra de merenda superfaturada e acordos de campanha com o bicheiro Manoel Dorso. Com informações do Correio Braziliense