Motorista de ex-diretor da Dersa diz que enchia mochilas de dinheiro para o chefe e sua esposa

Quando a Polícia Federal chegou à sua casa, o delegado percebeu que se tratava de um lugar humilde e que ele era apenas um laranja de Pedro da Silva

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Pedro Alcântara Brandão Filho foi motorista do ex-diretor da Dersa, Pedro da Silva, um dos alvos da Polícia Federal na Operação Pedra no Caminho, que mira supostos desvios de R$ 600 milhões da Dersa, em obras do Rodoanel Trecho Norte.

O próprio motorista conta que transportava dinheiro para a família do diretor. Quando a Polícia Federal chegou à sua casa, numa manhã de junho, com um mandado de busca, o delegado percebeu que se tratava de um lugar humilde e que ele era apenas um laranja de Pedro da Silva:

“A Polícia chegar dentro da minha casa às 6 horas da manhã, 15 para as 6. Eles vieram com mandado de busca, né? Aí, o delegado se identificou, falou o que precisava e, aí quando falou que era da Operação Lava Jato… Quero dizer, Lava Jato não, né? Da Dersa, né? Entraram na minha casa, viram que era uma casa humilde, aí eles pediram desculpa e o delegado virou para mim e falou: É, o Sr. entrou como laranja. Aí eu expliquei para ele que eu trabalhei para ele, ele me pedia para fazer esses depósitos, mas eu nunca perguntei do que era, né?

Operação Pedra no Caminho

A Operação Pedra no Caminho é um Braço da Lava Jato em São Paulo, e levou para a cadeia dois ex-dirigentes da Dersa: Pedro da Silva e Laurence Casagrande Lourenço, que chegou a ser secretário de Transportes e Logística do governo Alckmin. O motorista diz ter trabalhado para a mulher de Pedro da Silva. “Eu levava as crianças”, conta, referindo-se aos filhos do casal.

Os investigadores queriam saber por que o motorista, que tirava R$ 2 mil por mês, fez depósitos de até R$ 50 mil nas contas de Pedro da Silva – o ex-diretor chegou a girar R$ 50 milhões, segundo dados bancários. É que além das crianças, explicou Pedro, ele supostamente também transportava ‘valores altos’ para o casal. “Já cheguei a encher mochilas”.

Ele relatou, em entrevista exclusiva ao Estado que era orientado a informar aos bancos que a dinheirama – em 12 depósitos, foram R$ 253 mil pelas mãos do motorista – tinha como origem a venda de gado do casal e que a recebia das mãos da mulher de Pedro da Silva, Adriane. “E na declaração eu colocava que era referente à venda de gado, mas eu não sabia que origem era, né?”.

Paulo Preto

O diretor da Dersa Pedro Silva foi citado pelo delator Adir Assad. Segundo ele, o operador tucano Paulo Preto solicitou sua ajuda para fazer entregas de dinheiro diretamente a Pedro Silva. Na época, Pedro Silva era funcionário da Dersa. Assad afirmou que movimentou cerca de R$ 300 milhões para a Delta. E a maioria deste dinheiro, cerca de 80, foi entregue pelo próprio Adir Assad a Paulo Preto.

De acordo com informações levantadas pelo Blog do Rovai, o operador tucano tem munição suficiente para acabar com o PSDB de São Paulo. E a sua delação seria uma pá de cal na candidatura Alckmin. A expectativa seria que com a nova prisão, anulada por Gilmar Mendes, o ex-diretor conseguisse negociar o benefício.

Segundo documento sigiloso que as autoridades suíças enviaram ao Brasil, Paulo Preto abriu quatro contas no banco Bordier & Cie, em Genebra, com um saldo de US$ 34,4 milhões. O fato se deu quarenta e três dias depois de ter sido nomeado diretor de engenharia da Dersa (empresa responsável por obras rodoviárias de São Paulo), em 24 de maio de 2007.

Leia a entrevista completa no Estadão