Mulher presa por ordem de Bolsonaro não falou em "noivinha do Aristides"

Expressão homofóbica "noivinha do Aristides" se disseminou nas redes sociais, mas não foi dita pela mulher que foi detida pela PRF

O presidente Jair Bolsonaro e a primeira-dama Michelle Bolsonaro | Foto: Alan Santos/PR
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A mulher que foi detida pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) após ter xingado o presidente  Jair Bolsonaro (PL) não o chamou de noivinha do Aristide, como chegou a repercutir nas redes sociais. A piada homofóbica ganhou amplo destaque no Twitter e levantou debates sobre o uso desse tipo de ironia contra Bolsonaro.

Em nota divulgada pelos advogados Marcello Martins dos Santos e Luiz Augusto Guimarães à coluna Painel, da Folha nesta terça-feira (30), a mulher que foi alvo de pedido de detenção por parte do presidente afirma que não usou em nenhum momento a expressão "noivinha do Aristides".

Revoltada com o trânsito provocado por Bolsonaro na Via Dutra, a mulher, que é profissional de saúde, gritou "filho da puta" para Bolsonaro. Na nota ela aponta que "não conhece e nem mencionou qualquer coisa sobre o termo 'noivinha do Aristides'".

"Sua expressão de indignação ocorreu de forma espontânea, como ocorre diariamente no país que se encontra severamente polarizado. No momento ela está muito apreensiva e temerosa devido a repercussão do caso, sobretudo porque lhe foram atribuídas palavras que ela nunca mencionou", afirma a nota divulgada pelos advogados.

De acordo com boletim de ocorrência, a equipe da PRF que escoltava Bolsonaro abordou o veículo da mulher “mediante determinação do próprio sr. Presidente” e enquadrou a autora da injúria nas “devidas cominações legais e qualificou os demais ocupantes.”

O presidente estava na via Dutra por volta das 9h quando a moça, que viajava como passageiro de um carro que passava pela pista, “gritou palavras de calão direcionadas a ele mais especificamente berrou ‘Bolsonaro filho da p…, em atitude de tamanho desrespeito”.

Homofobia?

Não há nenhum vídeo ou qualquer registro de que a expressão noivinha do Aristide foi gritada por alguém na Via Dutra, mas isso viralizou nas redes, mostrando um certo comportamento homofóbico do campo progressista.

O boato sustentava que Aristides seria um professor de artes marciais de Bolsonaro e induzia que os dois mantinham relações, o que não seria nenhum crime caso fosse real. O presidente Jair Bolsonaro foi acusado pela CPI do Genocídio de ter cometido 9 crimes durante a condução da pandemia da Covid 19, incluindo três modalidades de crimes contra a humanidade, condutas realmente graves.