Mulheres se colocam como protagonistas da luta contra o fim da Previdência

Faltou espaço na Câmara para reunir, nesta quinta-feira, centenas de professoras, domésticas e outras trabalhadoras da cidade e do campo em ato com deputadas de 11 partidos contra a reforma de Bolsonaro

Foto: Mídia Ninja
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Centenas de trabalhadoras do campo e da cidade lotaram um auditório e se juntaram, nesta quinta-feira (11), na Câmara dos Deputados, a parlamentares de 11 partidos políticos em ato de mulheres contra a reforma da Previdência de Jair Bolsonaro. A necessidade de mobilização nas ruas, inclusive com indicações para uma greve geral, deu o tom do encontro. Líder da Minoria na Casa, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) foi explícita: “Não temos tempo a perder. A luta virtual é importante, mas, sozinha, não funciona. Tem que montar banquinhas nas ruas, olhar no olho. E as mulheres são sensacionais nisso”. Emocionadas e aguerridas, participaram do encontro representantes de 25 entidades sindicais e deputadas e senadora do PT, PSB, PDT, Rede, PSOL, PCdoB, PROS, e até do MDB, PP, PSDB e DEM. [caption id="attachment_172190" align="aligncenter" width="618"] Foto: Mídia Ninja[/caption] “Se votar, não volta” foi entoado por diversas vezes durante o encontro, dando o recado sobre a dificuldade que terão de se reeleger os parlamentares que votarem favoravelmente à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) de Bolsonaro e Paulo Guedes. Nesse sentido, Luiza Erundina (PSOL-SP) convocou as trabalhadoras e trabalhadores a estarem presentes no Congresso, pois, dessa forma, grandes avanços – agora ameaçados -, como a Constituição Federal, foram conquistados. Reforma reforça desigualdades Representando as centrais sindicais, Nayana Cambraia explicou por que o desmonte da Previdência Social reforça as desigualdades de gênero e de raça. “Ainda não alcançamos a igualdade e essa PEC nos leva ainda mais para trás. Nós somos 52% dos desempregados e o número de mulheres na informalidade é 42% maior [em relação ao de homens]. Nossas condições de trabalho são diferentes e não respeitar isso fere a Constituição. Diante dessas circunstâncias, muitas mulheres não conseguem contribuir por 15 anos. Como vão fazer por 20? Essa aposentadoria não vai existir”, pontuou a militante.   [caption id="attachment_172192" align="aligncenter" width="660"] Foto: Mídia Ninja[/caption] A deputada Benedita da Silva (PT-RJ) já trabalhou como empregada doméstica e camelô; e foi enfática: “A reforma é o trabalho escrevo. Já conhecemos as senzalas desse país e querem que a gente volte para lá. A gente quer viver!”, clamou. Além do aumento do tempo de contribuição, a idade mínima para aposentadoria subiria de 60 para 62 anos no caso de trabalhadoras urbanas. As dificuldades das trabalhadoras rurais, para as quais a idade mínima passaria de 55 para 60 anos, também foram destacada. Outro ponto abordado foi o ataque às professoras. O tempo de contribuição para a categoria passaria de 25 para 30 anos. O risco foi um dos pontos, aliás, que atraiu a deputada do DEM Professora Dorinha (TO) para o ato organizado pela oposição. Tereza Nelma (PSDB-AL) também demonstrou bastante entusiasmo no encontro. [caption id="attachment_172193" align="aligncenter" width="662"] Foto: Mídia Ninja[/caption] Outras lideranças de destaque do campo progressista marcaram presença. Alice Portugal (PCdoB-BA) empolgou as trabalhadoras ao escancarar o peso da dupla ou até tripla jornada. Erika Kokay (PT-DF) falou em “arrancar a faixa presidencial que está no peito do fascismo”. Maria do Rosário (PT-RS) e Gleisi Hoffmann (PT-PR) também se fizeram presentes, bem como parlamentares da “nova geração”, como Talíria Petrone (PSOL-RJ), Sâmia Bomfim (PSOL-SP) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS). Deputados como Marcelo Freixo (PSOL-RJ), Paulo Pimenta (PT-RS), Alessandro Molon (PSB-RJ), Túlio Gadêlha (PDT-PE), José Guimarães (PT-CE), Ivan Valente (PSOL-SP) e André Figueiredo (PDT-CE) apoiaram o ato.