No Roda Viva, presidente do Senado afasta possibilidade de abrir CPI da Covid para investigar Bolsonaro

Parlamentares têm aumentado a pressão em prol de uma CPI que investigue a conduta de Bolsonaro no enfrentamento da pandemia, mas Rodrigo Pacheco (DEM-MG) rechaça: "Não aceito testes de coragem"

Rodrigo Pacheco - Foto: Reprodução/TV Cultura
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Em entrevista ao programa Roda Viva, da TV Cultura, na noite desta segunda-feira (1), o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), afastou a possibilidade de abrir a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, que teria como objetivo investigar a conduta do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia.

"Temos que ter equilíbrio que ações efetivas podem ser tomadas independente de CPI", disse Pacheco, afirmando ainda que "haverá em outro momento o julgamento moral, o julgamento ético".

"A instalação dessa CPI com a paralisação das comissões é contraproducente em razão desse fator prático", completou o presidente do Senado, ponderando que, em outro momento, pode vir a avaliar a abertura da comissão, mas que seu foco agora seria pautar a discussão sobre vacinas e auxílio emergencial.

A pressão para a criação de uma CPI com o intuito investigar a conduta de Bolsonaro vem crescendo e tem o apoio de 30 parlamentares, mais que o suficiente para a abertura da investigação. Pacheco, no entanto, rechaça ceder à pressão neste momento. "Não aceito testes de coragem sobre a minha presidência", disparou.

Haddad pede CPI da Covid já

Adversário de Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018, Fernando Haddad (PT) foi às redes sociais nesta segunda-feira (1) pedir a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a inércia do governo federal diante da pandemia do coronavírus, que já matou mais de 255 mil brasileiros.

“Bolsonaro cancelou o auxílio emergencial, fechou leitos de UTI, promoveu aglomeração, combateu o uso de máscara, desdenhou os laboratórios produtores de vacinas, estimulou o uso de cloroquina etc. CPI da COVID já”, tuitou o petista.

Nesta segunda-feira, Haddad participou de uma reunião online com a bancada do PT na Câmara para formatar detalhes da proposta para criação de um comitê de crise, com representantes de prefeitos, governadores, judiciário e especialistas para alinhamento de medidas contra o caos instituído por Jair Bolsonaro no país diante do agravamento da pandemia do coronavírus.

A proposta é uma alternativa à falta de quórum no Congresso para um processo de impeachment contra Bolsonaro, segundo o deputado Alexandre Padilha (PT-SP).

Para o deputado, a participação do judiciário é imprescindível na Comissão para dar mais celeridade na tomada de ações e para detectar novos crimes de responsabilidade cometidos por Bolsonaro.

“Por considerar que Bolsonaro sozinho, que o governo federal sozinho não tem condições de liderar essa tragédia é que eu defendo a constituição de um comitê mais amplo que tenho poder de alinhamento e de cobrança sobre isso”, afirmou.