Novo plano estratégico da Petrobras prioriza lucro de acionistas, apontam petroleiros

"A Petrobrás caminha cada vez mais para se consolidar como uma empresa exportadora de óleo cru", afirma a Federação Única dos Petroleiros (FUP)

Foto: EBC/ArquivoCréditos: Div
Escrito en POLÍTICA el

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) se manifestou nesta sexta-feira (26) contra o novo Plano Estratégico de Negócios e Gestão (PNG) da Petrobras. Os petroleiros afirmam que o novo plano, apresentado pela diretoria da Petrobras na quinta-feira, prioriza o lucro de acionistas e mantém empresa como exportadora de óleo cru. Além disso, o investimento é muito inferior ao que era praticado até 2014.

“Apesar de o investimento anunciado pela Petrobrás, de US$ 68 bilhões em cinco anos (2022-2026), ser 23% superior ao anterior (2021-2025), ainda assim ele é muito inferior ao realizado até 2014. No período 2010 – 2014, os investimentos da Petrobrás somaram US$ 214,6 bilhões, mais que o triplo do montante anunciado pela atual direção da companhia", afirma o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar.

A FUP aponta que o plano não prevê grandes investimentos em energia limpa e não promove um aumento na capacidade de produção das refinarias, o que mantém o país como Brasil dependente das importações de combustíveis. "A Petrobrás caminha cada vez mais para se consolidar como uma empresa exportadora de óleo cru, com foco na geração de renda para os acionistas e não para a sociedade", afirmam os petroleiros em nota.

"O novo plano é altamente concentrado na exploração e produção, grande parte dele no pré-sal. Há novos investimentos anunciados em refino, mas preveem que, no total, a capacidade de refino da Petrobrás deve encolher de 2,2 milhões de barris por dia em 2021 para 1,2 milhões de barris por dia em 2022", destaca Bacelar.

"Os projetos estão concentrados na integração das Bacias do Sudeste (Reduc e GasLub). No caso da RNEST, fica a indagação: sinalizaram a volta do investimento porque não apareceram compradores para a refinaria? Resta saber se a Petrobrás vai investir para permanecer com o ativo ou se vai investir para agregar valor e tentar vender novamente a unidade", completa.

"Parece que há iniciativas inovadoras para a produção de BioQAV, BioBunker, mas nada para os combustíveis mais utilizados no mercado interno. Onde estão os investimentos para o processo de transição energética, para os renováveis, dos quais a direção da Petrobrás vem se desfazendo, indo na contramão da tendência mundial? Onde estão os investimentos em novas tecnologias, que gerem energias mais limpas?”, questiona.

O economista José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobrás e pesquisador do INEEP, destaca que, com esse PNG, qualquer novo governo que venha a assumir em 2023 esbarrará em problemas de abastecimento domésticos. "A saída da distribuição, tanto do gás natural como dos combustíveis líquidos, se mantém nesse plano que, apesar de melhorado em relação ao anterior, continua ainda fortemente concentrado em atender os interesses de curto prazo dos acionistas, desprezando outros públicos de interesses que constituem o universo das grandes empresas", explica.