"Nunca houve uma interferência na PF como essa que Bolsonaro quer impor", diz ex-delegado

José Pinto de Luna destaca que, durante o governo Dilma, várias operações tinham aliados como alvo. "O ministro da Justiça à época manteve o mesmo diretor até o final", afirma

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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O delegado aposentado da Polícia Federal, José Pinto de Luna, diz que concorda com o ex-juiz Sergio Moro sobre a autonomia da organização no governo de Dilma Rousseff. Em seus 24 anos de polícia, ele diz que nunca houve uma interferência como a que o presidente Jair Bolsonaro tem realizado na PF.

"No tempo em que eu estive na PF, ninguém nunca interferiu na nossa investigação, e eu desconheço qualquer colega que tenha sofrido com ação política em suas ações", declara, em entrevista ao UOL.

"O ex-ministro Sérgio Moro tem razão quando diz que no governo Lula, e aí estendo a Dilma e ao governo FHC, ninguém interferiu. Na época do Lula e do FHC, havia tentativa de ingerência, sim, mas eles sempre rebateram esses assédios", continuou.

Sobre o governo Dilma, ele lembra que não houve tentativa de interferência mesmo quando os alvos eram aliados. "A prova disso é que o ministro da Justiça à época [Eduardo Cardozo] manteve o mesmo diretor-geral até o final do governo, mesmo com muitas investigações em curso que expuseram o governo da presidente Dilma", afirma.