Nunes Marques permite que motoboy que sacou R$ 4,7 milhões não vá à CPI

Dinheiro era da VTC Log, empresa selecionada pelo Ministério da Saúde para prestar serviços de transporte e armazenamento de medicamentos. Caso Ivanildo Gonçalves da Silva decida comparecer, poderá ficar calado

Foto: Supremo Tribunal Federal
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O motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva, que prestava serviços à VTC Log e sacou R$ 4,7 milhões das contas da empresa, recebeu o direito nesta segunda-feira (30) de não comparecer à CPI do Genocídio. Quem deferiu o pedido de sua defesa, depois de uma convocação emitida pelos senadores, foi o ministro Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). Caso Ivanildo resolva comparecer ao Senado, ele terá também o direito de ficar calado.

A VTC Log foi selecionada pelo Ministério da Saúde para prestar serviços de transporte e armazenamento de medicamentos, mas após os escândalos descobertos pela CPI envolvendo a pasta, viu uma série de suspeitas de fraude e ilegalidades ser ligada a seu nome.

Além do saque de R$ 4,7 milhões realizado pelo motoboy em nome da VTC Log, flagrado por agentes do Coaf, a quebra dos sigilos bancário e fiscal da empresa mostraram ainda movimentações suspeitas no valor total de R$ 117 milhões nos últimos dois anos.

Os advogados do motoboy alegaram que o cliente "não exerce qualquer papel que possa colaborar com a investigação", pois "apenas" realiza "serviços de deslocamento, inclusive diligências bancárias necessárias à administração da VTC Log".

Na decisão que beneficiou Ivanildo, o ministro Nunes Marques, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro e que tem tomado decisões claramente favoráveis ao governo federal em vários temas distintos, argumentou que "não há correspondência entre os fatos investigados pela CPI e as informações que serviram de base para a convocação de Ivanildo".

A CPI investiga a VTC Log justamente por conta das aparentes ilegalidades existentes na constituição da empresa e no vínculo com Ministério Saúde, o que engloba movimentações financeiras atípicas como a realizada pelo motoboy, ainda que Nunes Marques diga que não há relação entre os fatos.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), que é vice-presidente da CPI do Genocídio, disse nas redes sociais que respeitará a decisão tomada pelo magistrado da Suprema Corte, mas que os parlamentares recorrerão da decisão.

"Pelo visto, a VTC Log é realmente MUITO poderosa. Que segredos o motoboy esconde? Respeitamos a decisão do ministro Nunes Marques, mas iremos recorrer da decisão!", escreveu o senador.