“O PSDB morreu”, avalia referência intelectual dos tucanos

Filósofo e professor José Arthur Giannotti diz ainda que "não existe alguém como Lula para aglutinar todos" e que João Doria não pode ser considerado gestor, é apenas um "bom comunicador".

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Filósofo e professor José Arthur Giannotti diz ainda que "não existe alguém como Lula para aglutinar todos" e que João Doria não pode ser considerado gestor, é apenas um "bom comunicador". Da Redação* Uma das principais referências intelectuais do PSDB, o filósofo José Arthur Giannotti não poupou o partido e disse o seguinte: "O PSDB morreu. Quer que eu fale de defuntos? O PSDB não é mais um partido. Funcionava como um partido quando as decisões eram tomadas em bons restaurantes e todos estavam de acordo. Agora isso não há mais. E não existe alguém como Lula para aglutinar todos", diz ele, professor aposentado da USP, em entrevista a Naief Haddad, para a Folha de S.Paulo. Giannotti disse ainda que João Doria não pode nem ser considerado gestor. "Ele é um bom comunicador, que se veste de gari e assim por diante. Até agora não vi ele provar ser um grande gestor". De acordo com o filósofo, a crise atual é mais grave do que a de 1964 e disse que o ex-presidente Lula tem chances de voltar ao poder. "O Lula é um gênio político, é absolutamente extraordinário. Até que ponto ele foi tomado pela corrupção a Justiça vai dizer. As pesquisas mostram que o Lula tem chance, mas, se entrar, vai haver muito protesto", afirma. Em relação ao momento atual do país, afirma: "A nossa crise é pior que a de 1964. Lá tinha a merda dos militares. Eles mataram gente etc., mas botaram ordem. Agora nem isso nós temos. Não quero a volta dos milicos, não. Mas hoje não temos processos de resolução da crise. Isso é um problema muito sério. Quem diz ter a solução para a crise? Ninguém". Sobre a possibilidade de Jair Bolsonaro despontar como um dos favoritos à corrida eleitoral em 2018, Giannotti é enfático: "Eu não penso, eu me jogo da ponte [risos]. No Brasil, costumava haver o seguinte: o país caía em uma crise, e os militares entravam [no poder]. Isso, felizmente, não aconteceu desta vez. Por outro lado, sempre existem os substitutos dos militares, e um deles é o Bolsonaro. Seria um desastre. Se ele vencer a eleição, nós, que já não saímos do século 20, daríamos um passo atrás na democracia". *Com informações do Brasil 247 Foto: Marcos Santos/USP Imagens