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Há três anos em Portugal, Pedro Cardoso está em São Paulo para uma temporada com três peças no Teatro MorumbiShopping. Em entrevista à colunista Mônica Bérgamo, o ator se diz assustado com “a instabilidade da confiança na democracia que se instalou no Brasil a partir da revelação da amplidão do roubo que a classe política e uma parte da elite econômica produzem no país”.
“Como nossa democracia não é suficientemente eficiente para evitar que o poder seja tomado de assalto, essa falha provoca a ilusão de que algum regime ditatorial pode consertar as coisas. O que conserta é o incremento da democracia, e não a instalação de alguma ditadura”, acrescenta Cardoso, de 55 anos.
Acho que, de todos os erros, o PT foi o meu melhor erro. Olha as opções que eu tinha. Votei no PT a vida toda. Não tenho nenhuma ilusão. O PT cometeu crimes terríveis contra a democracia. “Entretanto, acho que o ódio ao PT como o único mal do Brasil não é o ódio ao PT. É um ódio à brasilidade, que o PT, ainda que simbolicamente, representa”, diz o ator.
Para Cardoso, “o governo Temer é uma calamidade absoluta. A culpa é de quem? Em grande parte é do PT! Que botou lá o Temer. E a outra parte é das pessoas que lutaram para tirar a Dilma”. Segundo o ator, “inocente, nessa história, só o povo”.
De acordo com ele, “e perigosíssimo [afirmar que nenhum político presta]! Mas a gente não pode deixar de falar porque é perigoso. Um país em que a classe política, em sua grande maioria, é desonesta, é um país perigoso. Quem mora nas favelas sabem disso”.
Fascismo
Tudo o que temos vivido até aqui me parece uma tomada de decisão a priori. O que é o mecanismo do fascismo. O fascismo se organiza simplificando as questões complexas.
Vejo fascismo em muitas coisas. Mas não sei se na alma do povo existe a vontade de aniquilar o inimigo. Acho que não.
Segundo Cardoso, a Lava Jato “é portadora de uma verdade e ao mesmo tempo uma manipulação política. Acho que muitas pessoas envolvidas têm mais alegria em condenar o PT do que em condenar o PSDB. Ambos têm suas lideranças envolvidas em casos de corrupção - não é algo acidental. Isso é o Brasil. E o Brasil tem que lutar para não ser isso”.
Com informações da coluna de Mônica Bérgamo