“O que movia o Moro sempre foi dinheiro, a política deu poder a ele”, diz Nassif

Em entrevista ao Fórum Onze e Meia, o jornalista afirmou que o ex-juiz “era o garantidor do projeto da Alvarez & Marsal de compra das empresas quebradas pela Lava Jato, comandada pelo próprio Moro”

Luis Nassif (Foto: Reprodução/YouTube Fórum)
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O jornalista Luis Nassif, editor do GGN, declarou, nesta quarta-feira (26), que a relação do hoje presidenciável Sergio Moro (Podemos) com a empresa estadunidense Alvarez & Marsal tinha objetivos obscuros.

“O Moro era o garantidor do projeto da consultoria de compra das empresas quebradas pela Lava Jato, comandada pelo próprio Moro. Ele servia para detectar se havia alguma ponta solta no processo”, afirmou, em entrevista ao Fórum Onze e Meia.

Nassif criticou duramente a atuação do ex-juiz. “O que movia o Moro sempre foi dinheiro, a política deu poder a ele”, disse. O jornalista acrescentou que a trajetória do ex-procurador e chefe da força-tarefa da Lava Jato, Deltan Dallagnol (Podemos), pode ser explicada da mesma forma. "Foi o que deu segurança a Dallagnol de largar o cargo que exercia e entrar na política".

O jornalista divulgou uma reportagem, no GGN, nesta quarta (26), onde calcula que Moro teria ganho da Alvarez & Marsal algo em torno de R$ 150 mil e R$ 215 mil mensais.

Nassif afirmou que “recentemente, um executivo da KPMG foi contratado pela Alvarez & Marsal para um cargo equivalente ao que foi oferecido ao ex-juiz. O recebimento anual é entre US$ 350 mil e US$ 500 mil – algo entre R$ 150 mil e R$ 215 mil mensais”.

“Moro não é um jurista ou grande advogado. Do ponto de vista intelectual, é limitado. Por isso, não foi contratado pela consultoria para realizar trabalhos formais. Ele era o sujeito que garantia que nenhuma ponta fosse esquecida”, destacou.

Consultoria cria mecanismo para captar recursos para a compra de empreiteiras brasileiras

Nassif destacou a criação, por parte da Alvarez & Marsal, da Sociedade de Propósito Específico (SPE), para captar recursos para a compra de empreiteiras brasileiros, como as quebradas pela Lava Jato.

“Trata-se de uma operação complexa, porque é preciso separar a parte boa e a parte ruim da empresa. A boa é vendida para que os antigos proprietários possam receber uma parte e, com isso, pagarem as dívidas da parte ruim. Isso até poderia ser interessante se não fosse o próprio Moro que tivesse quebrado essas empresas”, avaliou o jornalista.

De acordo com Luis Nassif, o esquema explica em parte porque Moro foi para o Ministério da Justiça. “Ele queria ter o controle do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras)”, afirmou.

Entre suas atribuições, o Coaf recebe, examina e avalia ocorrências suspeitas de atividades ilícitas em instituições que lidam com grande quantidade de dinheiro.

O jornalista alertou para o movimento que está sendo articulado há algum tempo de integrar grandes escritórios de advocacia e de compliance dos Estados Unidos em empresas brasileiras. “É a indústria da anticorrupção, uma organização internacional que fatura em cima do combate à corrupção”, acrescentou.

“Olavo de Carvalho transformou o pensamento dos imbecis em programa de governo”

Questionado sobre a morte de Olavo de Carvalho, Nassif revelou que o conheceu relativamente bem. “Foi um gênio, que criou um estilo de linguagem. Pegou a imbecilidade brasileira e deu poder aos imbecis, principalmente o imbecil-mór, o Bolsonaro. Porém, é um mistificador”.

O jornalista ressaltou, ainda, que Olavo “usou essa loucura, endossada pela mídia, e transformou o pensamento dos imbecis em programa de governo”, completou.

Assista à entrevista na íntegra:

https://www.youtube.com/watch?v=HYkgoTeLTfY