Olavo de Carvalho lidera motim interno para derrubar ministro da educação

Após voltar atrás sobre carta para escolas gravarem alunos cantando o hino, Velez-Rodriguez se afastou de grupo de Olavo, que já ventila nomes para substituir o ministro

Olavo de Carvalho, com Flavio Bolsonaro, e o ministro Velez Rodriguez (Reprodução)
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Blog da jornalista Renata Cafardo, no jornal O Estado de S.Paulo, informa que o astrólogo e guru ideológico do clã Bolsonaro, Olavo de Carvalho, lidera um motim interno para derrubar o ministro da Educação, Ricardo Vélez-Rodriguez. Rodriguez, que se aproximou da ala militar do governo, é indicação do próprio Olavo de Carvalho que, revoltado com a indisposição do ministro em impor a pauta ideológica do grupo, pediu a demissão de seus discípulos, chamados por ele de "olavettes". Após trocas de acusações, Rodriguez exonerou, em edição extra do Diário Oficial da União nesta segunda-feira (11), o coronel Ricardo Wagner Roquetti, militar que havia se tornado seu braço direito e pivô do levante olavista. Também foram exonerados Tiago Tondinelli e Sílvio Grimaldo, ligados a Olavo. A demissão dos "olavettes" provocou revolta no grupo que, a mando do guru, organiza o motim. Amotinados, os olavistas já passaram a ventilar nomes de possíveis substitutos alinhados ideologicamente a eles. O preferido do grupo é o secretário de Alfabetização, Carlos Nadalim, que defende um método fônico e a educação domiciliar. O outo é o militar Eduardo Melo, que está na lista dos exonerados. Melo seria um dos organizadores do movimento de enfraquecimento do ministro. A outra articuladora seria a assessora Bruna Becker, da área de políticas internacionais da pasta. Ela é ligada a Filipe Martins, discípulo de Olavo e assessor internacional de Jair Bolsonaro. Martins, que atua no Itamaraty ao lado de Ernesto Araújo teve sua cabeça pedida pelo deputado Alexandre Frota, que se alinha ao grupo militar do governo. Carta às escolas A briga no ministério começou na semana passada, quando o ministro resolveu afastar funcionários que defendiam políticas de viés ideológico. A mais importante delas foi a carta enviada às escolas pedindo que o slogan de campanha de Bolsonaro fosse lido e que crianças fossem filmadas cantando o Hino Nacional. Vélez deixou os “olavistas” de lado e passou a se aconselhar com seus ex-alunos e com o secretário executivo Luiz Antonio Tozi, que foi diretor do Centro Paula Souza, administrador das Faculdades de Tecnologia (Fatecs) em São Paulo. O grupo defende o foco do MEC em políticas educacionais de evidência comprovada e o abandono do discurso ideógico. “Olavistas”, por sua vez, dizem que o grupo é “tucano” e não segue as ideias de Bolsonaro. Os técnicos rivalizam com outros dois segmentos dentro do MEC, o de seguidores de Olavo e o de alguns militares. Nesta segunda-feira, pelo segundo dia seguido, Vélez se reuniu com Bolsonaro. Questionado na saída do encontro, não quis comentar as exonerações. Em nota publicada à tarde, o MEC classificou as mudanças como “movimentação de pessoal” e “reorganização administrativa”. No mesmo texto, faz menção às investigações da “Lava Jato da Educação”. “O combate à corrupção está sendo gerido pelo MEC, Ministério da Justiça e Segurança Pública, Advocacia-Geral da União e Controladoria-Geral da União, e, portanto, deve ser tratado com a isenção e impessoalidade que se exigem das atuações estatais”, diz a nota. Leia a reportagem no blog de Renata Cafardo