O ex-ministro do Trabalho e da Previdência Social do governo Lula (PT), Ricardo Berzoini, classificou a figura de Olavo de Carvalho, que morreu na noite desta segunda-feira (24), como “deplorável”. “Olavo é um acidente trágico na história do Brasil”, afirmou, em entrevista ao Fórum Onze e Meia, nesta terça (25).
Berzoini observou que, agora, com a morte do “guru” da extrema direita, haverá uma mudança na postura de Jair Bolsonaro (PL). “O Olavo iludia idiotas com teses totalmente fora de contexto, mas que chegou ao núcleo do poder. Ele tentou colocar um verniz em visões toscas”, disse.
A mudança a que se referiu Berzoini é em relação aos próximos passos de Bolsonaro, sem Olavo de Carvalho. O ex-ministro acredita que o presidente vai priorizar e intensificar ainda mais a aliança com o Centrão.
“É uma operação que o governo está fazendo para que ele se dirija cada vez mais para o centro fisiológico, não o programático. Com isso, Bolsonaro vai aumentar seu pragmatismo e a influência de Olavo deve desaparecer”, avaliou.
Berzoini justificou sua opinião, afirmando que “não existe olavismo. Isso é apenas um arremedo de ideias que se influencia pela direita internacional”.
O ex-ministro de Lula destacou, ainda, que também não acha que exista bolsonarismo. Porém, não minimiza seus efeitos. “É um grupo de milícia que chegou ao poder central e que causou graves danos ao país, inclusive para o futuro. Atingiu em cheio a qualidade de vida das pessoas e Olavo foi um dos responsáveis por isso”, disse.
“Estamos indo para o pior caminho. Hoje, tudo se transformou em commodities, como saúde, educação. Com essa política e o neoliberalismo perverso, qual será o futuro do Brasil?”, questionou.
Berzoini diz que o ex-presidente Lula é o agente da ruptura com esse modelo de governo
Berzoini ressaltou que o ex-presidente Lula é o agente dessa ruptura, pois o país precisa de um projeto de desenvolvimento industrial e tecnológico. É evidente, sem abandonar a importância da agricultura. Mas não a agricultura predatória, que acaba com o meio ambiente. Se continuarmos assim, o Brasil será um deserto de soja”, alertou.
O ex-ministro não deixou de criticar o papel da chamada “grande imprensa”, que tentou, em inúmeras oportunidades, enaltecer Olavo de Carvalho. “A mídia comercial legitimou essa figura, que não tinha elementos para isso”.