O presidente da CPI do Genocídio no Senado, Omar Aziz, afirmou ao Jornal da CBN, na manhã desta quinta-feira (24), que o ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Onyx Lorenzoni, teve comportamento de miliciano ao ameaçar o servidor do ministério da Saúde, irmão do deputado federal Luis Miranda (DEM-DF).
Segundo o senador, o gesto pode configurar interferência na investigação, pois Lorenzoni ameaçou uma testemunha que levantou a suspeita de irregularidades no contrato assinado pelo governo federal para a compra da vacina indiana Covaxin.
Omar Aziz disse ainda que Onyx Lorenzoni será chamado para depor na CPI do Genocídio.
Incoerências
Aziz considerou que o discurso de Onyx traz uma série de incoerências. Ele não desmentiu, por exemplo, que Luis Miranda e a família tivessem alertado Bolsonaro sobre as possíveis irregularidades. Aziz estranhou também o fato do governo não ter tomado qualquer providência após a denúncia. Na avaliação do senador, a própria negociação da Covaxin envolve fatos suspeitos, como a rapidez das tratativas, o alto custo e a existência de um intermediário na compra da vacina, que sequer tinha aprovação da Anvisa.
Omar Aziz afirmou que Luis Miranda disse a ele ter informações que poderiam 'derrubar a república'. “Entendo que se um deputado federal se oferece para falar sobre um assunto tão delicado, eu tenho obrigação de ouvi-lo. É uma denúncia que pode dar muita dor de cabeça para qualquer governante”, afirmou.
Coletiva
O governo Jair Bolsonaro convocou uma coletiva de imprensa de surpresa nesta quarta-feira (23) para comentar sobre as denúncias envolvendo o suposto esquema de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin, da Bharat Biotech. O ministro Onyx Lorenzoni, da Secretaria-Geral da Presidência, disse que o deputado Luis Miranda (DEM-DF) “inventou essa história” para conseguir algo do governo.
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Onyx afirmou que o governo Bolsonaro “vai continuar sem corrupção” (sic) e fez insinuações contra o parlamentar e o irmão dele, que é servidor do Ministério da Saúde. “Por que ele inventou essa história? O que os dois irmãos queriam na casa do presidente no dia 20 [de março]? […] Deus tá vendo, mas o senhor não vai só se entender com Deus, não. Vai se entender com a gente”, disse, em tom de ameaça.
Com informações da CBN