Ombudsman diz que leitor vai esperar sentado apoio da Folha a impeachment de Bolsonaro

Em coluna deste domingo, o ombudsman da Folha José Henrique Mariante diz que o jornal costuma não se envolver em movimentos de deposição de presidentes

Foto: Filipe Araujo
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O ombudsman da Folha começa o seu texto deste domingo listando uma série de adjetivos e substantivos que a Folha já usou em seus editoriais para tratar do presidente Jair Bolsonaro apenas durante este mês de junho. Entre eles: Desastroso, dado à pirraça, ecocida, demagógico, inoperante, disfuncional, pré-ginasiano, negacionista, indefensável. Destrambelhado, pior presidente, adversário ideológico da Constituição.

Lembra de que isso não é pouca coisa, “em se tratando de conteúdo agregado no site sob o título ‘o que a Folha pensa”’, mas considera que isso talvez seja muito pouco, entretanto, “para quem já perdeu a paciência com o pior presidente da República desde a redemocratização”.

O ombudsman ainda lembra que segundo pesquisa Datafolha de janeiro deste ano, 80% dos assinantes defendem que o Congresso abra um processo de impeachment contra Bolsonaro, sendo que na população em geral, seriam 49%, de acordo com a última verificação do instituto sobre o assunto, em maio.

Mas aí o ombudsman pergunta “Está na hora, então, de a Folha começar a se mexer?” E ele mesmo responde: “A história recente mostra que é melhor esperar sentado.”

A Folha, segundo ele, teria publicado texto em 2016 onde afirmava sobre o impeachment: “Esse recurso extremo só deve ser usado quando houver não apenas conjunto robusto de provas a indicar que o governante de turno cometeu crime de responsabilidade, mas também amplo consenso político de que não tem condições de permanecer no cargo”.

E diz que o jornal se comportou dessa forma no impeachment de Dilma.

“Aplicada ao desastroso caso de Bolsonaro, a cláusula não escrita da Folha afasta o jornal, pelo menos neste momento, de uma defesa de seu afastamento”, sustenta.