Operação da PF mira Wassef, Zanin e Roberto Teixeira em desvios do Sistema S

Busca e apreensão foi autorizada por Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio. Advogada de Witzel também é investigada

Frederick Wassef - Foto: Reprodução/GloboNews
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*Atualizado às 16h30

A Polícia Federal deflagrou uma operação nesta quarta-feira (9) contra Frederick Wassef, ex-advogado da família Bolsonaro, Cristiano Zanin e Roberto Teixeira, que atuam na defesa do ex-presidente Lula, e Ana Tereza Basílio, advogada do governador afastado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. A Operação E$quema S mira desvios de pelo menos R$ 150 milhões do Sistema S por escritórios de advocacia no Rio e em São Paulo.

A decisão partiu do juiz federal Marcelo Bretas, responsável pela Lava Jato no Rio de Janeiro. Ele expediu 50 mandados de buscas e apreensões e aceitou uma denúncia do Ministério Público Federal (MPF) que tornou 26 pessoas rés. Desses, 23 são advogados, sendo um deles ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ), além de um auditor fiscal do Tribunal de Contas da União (TCU).

A operação é baseada em uma delação premiada do ex-presidente da seção fluminense do Sistema S, de Orlando Diniz. O Sistema S engloba a Fecomércio, Sesc e Senac. Em 2018, Diniz foi preso em um dos desdobramentos da Operação Lava Jato no Rio - no mesmo ano, porém, ele foi solto por determinação do STF.

De acordo com os investigadores, as entidades teriam destinado pelo menos metade do seu orçamento anual a contratos com escritórios de advocacia. A força-tarefa aponta que a Fecomércio-RJ, por exemplo, gastou R$ 355 milhões em advocacia, dos quais "ao menos R$ 151 milhões foram desviados".

Outro lado

Em nota, o advogado Cristiano Zanin acusou Bretas de agir a mando de Jair Bolsonaro, em “clara tentativa de intimidação do Estado brasileiro pelo meu trabalho”. “O juiz Marcelo Bretas é notoriamente vinculado ao presidente Jair Bolsonaro e sua decisão no caso concreto está vinculada ao trabalho desenvolvido em favor de um delator assistido por advogados ligados ao Senador Flavio Bolsonaro. A situação fala por si só”, diz o jurista.

Sócio de Zanin, o advogado Roberto Teixeira, também defensor de Lula, qualificou a operação como agressiva e escreveu em nota que ela é uma arbitrariedade e retaliação contra sua atuação profissional. "As acusações lançadas pelo Ministério Público ignoram – e desrespeitam cruelmente – toda minha trajetória jurídica, em um caminho pautado pelo estudo, dedicação, combatividade, ética e probidade, em 50 anos servindo e honrando a justiça e a advocacia", escreveu. Ele afirmou ainda que todos os serviços prestados à Fecomércio/RJ estão "devidamente comprovados e documentados e os pagamentos correspondentes foram todos realizados na forma da lei". E finalizou a nota: "É lamentável testemunhar tamanha infração aos princípios basilares do estado democrático de direito".

A Fecomércio RJ, em nota, escreveu: "Informamos que a atual administração da Fecomércio RJ, eleita em abril de 2018, está totalmente comprometida com o esclarecimento dos fatos e vem colaborando com as autoridades para que a investigação possa ser realizada da melhor forma".