Oposição denuncia atropelo na Câmara para aprovação da privatização da Eletrobras

"Nós não tivemos uma audiência pública. Não ouvimos ninguém da sociedade. Não ouvimos especialistas", afirmou a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados
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Partidos do campo de oposição estão utilizando dos mecanismos de obstrução para tentar frear o avanço da Medida Provisória da privatização da Eletrobras (MP 1031/21) na Câmara dos Deputados. Parlamentares denunciam atropelo na pauta.

"Nós não tivemos uma audiência pública. Não ouvimos ninguém da sociedade. Não ouvimos especialistas, não ouvimos consumidores, não ouvimos operadores do sistema, nada, e vamos votar, no seco, aqui, uma medida provisória para entregar essa empresa que é patrimônio do povo brasileiro à iniciativa privada. Por que a pressa?", questionou a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR).

"Não tem dinheiro para investir no sistema elétrico brasileiro? Mentira! A ELETROBRAS dá lucro. Nos últimos 3 anos, foram 30 bilhões de reais de lucro e 15 bilhões de reais de reserva. Por que o Governo não tomou a decisão de fazer investimento? Por que o Governo não continuou os investimentos no setor elétrico brasileiro da época dos nossos Governos, que reverteram a carência do sistema elétrico e evitaram o apagão?", disse ainda. A estatal também emprega cerca de 12 mil brasileiros.

A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) classificou como "um escândalo" a tramitação da matéria da forma que está sendo conduzida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). "É um escândalo que em meio a pior pandemia da nossa história, de maneira antirregimental, vote-se um texto que não tem sequer 23 horas, que se vote uma MP endereçada para interesses privados", afirmou.

"São interesses privados de grandes conglomerados capitalistas, como é o caso do ex-OAS Suarez, interesses endereçados como o do Lírio Parisotto, que, aliás, adora viver de isenção, de toda sorte de benesses e teve suas ações supervalorizadas com a inclusão de Tucuruí, ao contrário dos interesses do povo brasileiro, que não merece mais um aumento de 14% na energia elétrica. Os trabalhadores deram a sua vida pela ELETROBRAS e estão agora com a faca no pescoço da demissão, graças a um processo, a um projeto privatista com método autoritário. Além de tudo isso, imoral", completou.

Sindicatos também tem se mobilizado nas redes durante todo o dia contra a MP e promoveram tuitaços #MP1031NAO e #TratoraçodaEletrobras.

Segundo informações da Agência Câmara, o modelo de desestatização previsto no relatório do deputado Elmar Nascimento (DEM-BA) prevê a emissão de novas ações a serem vendidas no mercado sem a participação da empresa, resultando na perda do controle acionário de voto mantido atualmente pela União. O relatório prevê também que esse modelo poderá ser usado por outras empresas públicas.