Oposição prepara nota contra comemorações do golpe de 64: “atentado contra a democracia”

Além de nota conjunta, PSOL deve provocar Procuradoria-Geral da República sobre determinação de Bolsonaro às Forças Armadas

Ivan Valente esboçou texto que será costurado e deve ser assinado pelas bancadas do PT, PDT, PSB, PSOL, PCdoB e Rede
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Os partidos de oposição a Jair Bolsonaro reagiram à determinação do presidente de que as Forças Armadas promovam as “devidas comemorações” ao “aniversário” do golpe militar de 31 de março de 1964. Por iniciativa do deputado federal Ivan Valente (PSOL-SP), nota conjunta assinada pelas bancadas do PDT, PT, PCdoB, PSB, Rede e do próprio PSOL repudiando a medida deve ser aprovada até quinta-feira (28). O texto deve classificá-la como “atentado contra a democracia”. Para além disso, o PSOL estuda provocar a Procuradoria-Geral da República (PGR) quanto à decisão do governo Bolsonaro de estimular a celebração do período autoritário, que se estendeu até 1985 no Brasil. “Entidades internacionais condenaram o Brasil como ditadura, investigaram torturas, a não disponibilização de documentos. E agora estão tentando negar tudo isso”, critica Ivan Valente. Outras lideranças progressistas se manifestaram contra as comemorações do golpe de 64 em encontro dos partidos de oposição a Bolsonaro nesta terça-feira (26). Presidente do PDT, Carlos Lupi puxou o coro: “Temos que estar de luto pelo 31 de março, pela ditadura, pelos mortos”. Líder do PCdoB na Câmara, o parlamentar Daniel Almeida também se manifestou: “Querem rasgar a nossa história. Foi um golpe. A história registra, mas eles não têm pudor, não têm limite”. As comemorações em torno do 31 de março nos quartéis estavam suspensas desde 2011, por recomendação da presidente Dilma Rousseff (PT) – presa e torturada pelo regime. Nota do partidos O esboço da nota conjunta dos partidos de oposição citará o histórico e as declarações de Jair Bolsonaro simpáticos à ditadura militar e reiterará o entendimento de órgãos internacional acerca do período autoritário. “É importante relembrar que a Corte Internacional de Direitos Humanos (CIDH) condenou o Estado brasileiro, em 2010, pela detenção arbitrária, tortura e desaparecimento forçado de mais de 60 pessoas na Guerrilha do Araguaia”, exemplifica. A carta deve exigir ainda a continuidade de abertura de arquivos sobre o período, refirmando “o direito à memória, à verdade e à justiça”.