Oposição tenta barrar acordão de Bolsonaro e Maia contra reajuste de servidores de saúde e segurança

"Como eu digo pro policial que tá na rua, pros médicos e pros profissionais de educação que a carreira deles está congelada?", criticou a deputada Rosa Neide (PT-MT)

Foto: Antonio Cruz/ Agência Brasil
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Partidos de oposição se mobilizam na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (20) para impedir articulação feita pelo presidente Jair Bolsonaro com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e líderes do centrão que busca a manutenção de veto do ex-capitão ao dispositivo que garantia o reajuste dos servidores públicos durante a pandemia. O veto foi revogado no Senado e precisa de ratificação na Câmara.

Após Guedes e Bolsonaro criticarem a derrubada da decisão presidencial, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também se posicionou em favor do congelamento dos salários de servidores de saúde e segurança pública que trabalham na linha de frente do enfrentamento à Covid-19, além de profissionais de educação, do serviço funerário e de limpeza urbana.

“A reunião de hoje mostra a nossa responsabilidade com o País, tem partidos da base e independentes, todos eles trabalhando e votando junto nesse caminho do equilíbrio fiscal e respeito ao controle de gastos”, disse Maia em coletiva após reunião com lideranças parlamentares.

Para impedir o êxito do acordo, partidos de oposição se articularam para tentar adiar a votação e conseguir mais tempo para tentar garantir a manutenção da decisão dos senadores - que foi apertada. Apenas PT, PSB, PDT, PSOL, PCdoB e Rede orientaram voto em favor ao adiamento do polêmico veto 17. O adiamento foi negado, a matéria será votada.

O deputado Carlos Zaratinni (PT-SP), autos do requerimento, cobrou que Paulo Guedes apresentasse os dados que usou para atacar a derrubada do veto e criticou a fala de outros parlamentares. "É muito fácil falar que todo mundo precisa fazer sacrifício, mas os banqueiros não fazem sacrifício algum. Continuam ganhando seus bilhões e aumentando lucros. As empresas demitem os trabalhadores e querem manter suas altíssimas taxas de lucros", declarou.

O líder da oposição, André Figueiredo (PDT-CE), também criticou Guedes. "O ministro não pode ficar mentindo para a população, colocando números absolutamente inverídicos", declarou.

Quem também criticou Guedes foi Ivan Valente (PSOL-SP), que orientou o voto da bancada do PSOL em favor do adiamento. "Isso é fake news, não são números confirmados. Nós estamos falando aqui de coveiros, de garis, trabalhadores da saúde, educação e policiais. Não são os trabalhadores que ganham mais. Nós estamos falando de plano de carreira, não podemos revogar isso. É uma injustiça com os servidores que estão enfrentando a pandemia", afirmou.

O líder do PSB, Alessandro Molon (PSB-RJ), ainda criticou a sessão. "Essa sessão é um festival de ilegalidades. Não há nenhum ato que autorize uma sessão separada para vetar vetos. Não tem nada que permita uma sessão separada", disparou.

A deputada federal Rosa Neide (PT-MT) fez um questionamento ao falar pela liderança do PT: "Como eu digo pro policial que tá na rua, pros médicos e demais profissionais de saúde que estão na linha de frente nos hospitais trabalhando, pros profissionais de educação, que trabalharão em dobro em 2021, que a carreira deles está congelada?".