Os principais depoentes na CPI da Covid até o momento

Os quatro ex-ministros da Saúde do governo Bolsonaro e até o empresário Carlos Wizard foram algumas das pessoas ouvidas pelo Senado Federal

Senadores que fazem parte da CPI da Pandemia no Senado (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
Escrito en POLÍTICA el

Por Leandro Massoni

Há cerca de dois meses, a mesa da Comissão Parlamentar de Inquérito vem sendo palco da CPI da Covid, criada para investigar supostas omissões e irregularidades nas ações do governo federal durante a pandemia do coronavírus no Brasil.

Eduardo Pazuello

Desde o dia 13 de abril, diversas pessoas já foram ouvidas. Entre elas, quatro ministros da Saúde empossados durante a pandemia. Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, foi um deles. Após ter oitiva adiada uma vez, o militar então depôs no dia 20 de maio.

Na ocasião, ele evitou atribuir a responsabilidade ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), dizendo não ser o responsável pela crise de falta de oxigênio em Manaus. Pazuello ainda falou sobre o processo de aquisição de vacinas e a atuação da pasta quanto ao tratamento precoce.

Luiz Henrique Mandetta

Ministro da Saúde entre janeiro de 2019 e abril de 2020, Luiz Henrique Mandetta foi o primeiro a depor na CPI da Covid defendendo sua gestão à frente da pasta baseando suas decisões na ciência.

Além disso, Mandetta mencionou a articulação para a compra de kits de testagem para Covid-19 e afirmou que na época, não havia planos ou diretrizes para a aquisição de vacinas, que ainda estavam em desenvolvimento.

O ex-ministro afirmou ainda que Bolsonaro procurava tomar decisões sobre o combate à pandemia “aconselhado” pelos filhos. E, ainda, classificou o ministro da Economia, Paulo Guedes, como uma pessoa “desonesta intelectualmente”, alegando sua falta de compromisso para ajudar o governo a reverter a situação.

Nelson Teich

Nelson Teich durou menos de um mês à frente do ministério da Saúde, mas foi um dos convocados pelo Senado a depor na CPI. Em suas falas, o segundo nome a ocupar a pasta durante a pandemia comentou as dificuldades e divergências com o governo federal desde o dia em que chegou ao cargo.

De acordo com o médico, sua saída foi provocada pela “falta de autonomia” fornecida pelo presidente Bolsonaro, que defendia amplamente o tratamento da Covid-19 com o uso da cloroquina, medicamento que não foi recomendado por Teich.

Marcelo Queiroga

O atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, ouvido na CPI da Covid no último dia 8 de junho, foi questionado pela mesa sobre o possível aumento da contaminação dos atletas durante a disputa da Copa América de futebol, que foi anunciada às pressas no Brasil após desistência por parte de Argentina e Colômbia devido a protestos políticos e ao regime geral de quarentena no país, respectivamente.

Queiroga declarou que não existia provas de que a realização do torneio entre as seleções da América do Sul, confirmado pelo presidente Bolsonaro, aumentasse o nível de contaminação entre os jogadores.

Ele também disse que o último campeonato brasileiro teve apenas um caso positivo de coronavírus, quando na verdade foram mais de 300, e que não atua como “censor do presidente” para vigiá-lo em suas aglomerações causadas em meio à pandemia.

Nise Yamaguchi

Suspeita em fazer parte do “gabinete paralelo”, a médica Nise Yamaguchi, que é próxima de Bolsonaro, foi ouvida no dia 1º de junho.

Uma das defensoras da hidroxicloroquina para o tratamento da Covid-19, ela também foi questionada pelos senadores sobre o uso do medicamento e a mudança na bula de medicamentos. Em um momento da sessão, o senador da Bahia Otto Alencar (PSD) perguntou à oncologista a diferença entre vírus e protozoário.

A defesa de Nise, por sua vez, apontou a intenção do parlamentar de desprestigiar publicamente o conhecimento científico da médica, que abriu um processo contra os senadores da CPI e exige uma indenização de 320 mil reais por danos morais.

Roberto Dias Ferreira

Nesta última quarta-feira, 07, ao final de mais uma sessão, o ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, recebeu voz de prisão do presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD), por cometer “perjúrio” ao negar que havia combinado um encontro com o policial militar Luiz Paulo Dominghetti. Ele é o primeiro depoente a sair preso dessa comissão.

Entre os nomes que foram convocados ou convidados a depor na CPI da Covid-19 está o do Governador do estado do Amazonas, Wilson Lima (PSC). Ele participaria como testemunha após convocatória anunciada no último dia 10 de junho, mas recorreu ao Supremo Tribunal Federal para obter um habeas corpus e não comparecer, por estar sendo investigado pela Polícia Federal pelo seu envolvimento na prática de desvio de recursos que deveriam ser usados no combate à Covid-19.

Enquanto o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSL), interrompeu seu depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito da Covid-19 no último dia 16 de junho, após ser questionado pelo senador do Ceará, Eduardo Girão (Podemos) acerca da polêmica compra de respiradores, o empresário e escritor Carlos Wizard repetiu mais de 70 vezes seu direito de ficar em silêncio.