Padilha: "Covaxin era o carro-chefe do camarote privado da vacina"

"O lobby que pressionou parlamentares a votar a favor de autorizar empresas privadas a montarem filas próprias de vacinação", disse Padilha sobre a Covaxin, vacina indiana que está no epicentro de suposto caso de corrupção do governo Bolsonaro

Alexandre Padilha (Gustavo Sales/Câmara dos Deputados)Créditos: Agência Câmara
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Ex-ministro da Saúde, o deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) afirmou que a vacina indiana Covaxin, que está no epicentro de um suposto caso de corrupção do governo Jair Bolsonaro (Sem partido), "era o carro-chefe do camarote privado da vacina".

"A Covaxin, a que foi paga 1000% a mais,era o carro-chefe do camarote privado da vacina. O lobby que pressionou parlamentares a votar a favor de autorizar empresas privadas a montarem filas próprias de vacinação. Denunciamos isso a época. Imaginem o agio", tuitou Padilha na manhã desta quarta-feira (23).

https://twitter.com/padilhando/status/1407660214074155008

Em março, antes da divulgação de que o Ministério Público Federal (MPF) vê indício de corrupção no contrato, Padilha enviou requerimento ao Ministério da Saúde pedindo informações sobre a compra da vacina e indagando a pasta, então sob o comando de Eduardo Pazuello, se estava ciente de que o sócio da Precisa, a Global Gestão em Saúde S/A, é uma empresa que em 2017 deu calote de R$ 19,9 milhões após vencer licitação para fornecimento de medicamentos fundamentais no tratamento de 152 pacientes de doenças raras.

“Qual foi a justificativa para adquirir vacina sem dados de fase 3 apresentados, quando outras vacinas já estão disponíveis no mercado, inclusive aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)?”, questiona o deputado no requerimento.

Corrupção
O contrato do governo Bolsonaro para a compra da Covaxin, no valor de R$ 1,6 bilhão, está no centro das investigações do Ministério Público.

Os indícios de crimes foram levantados pela procuradora da República Luciana Loureiro, que cita o alto preço pago pelo governo na compra do imunizante, que foi intermediado pela empresa Precisa Medicamentos.

Apesar de recusar sistematicamente o lote de vacinas oferecido pela Pfizer em razão do valor de 10 dólares a dose, considerado alto pelo governo, Bolsonaro deu aval para a compra do imunizante indiano pagando 15 dólares a dose - um valor 1.000% maior que o anunciado pelo fabricante.

Em depoimento ao Ministério Público, o servidor do Ministério da Saúde Luís Ricardo Miranda relatou ter “sofrido pressão atípica” de superiores para garantir a importação da vacina Covaxin.

A compra do imunizante ainda contou com lobby do deputado Ricardo Barros (PP-PR), através de uma emenda que ele conseguiu aprovar em abril.

A emenda é uma nova redação da Medida Provisória 1.026/21, que prevê autorização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária “para a importação e distribuição de quaisquer vacinas” sem registro que tivessem sido aprovadas por autoridades sanitárias de outros países.

Francisco Maximiano, empresário da Precisa Medicamentos, informou à CPI do Genocídio nesta terça-feira (22) que não poderá comparecer ao depoimento previsto para quarta-feira (23) em razão de uma quarentena determinada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).