Para Carla Zambelli, Moro vai disputar presidência e esquerda vota em Bolsonaro contra ex-ministro

“As pessoas vão perceber que o Moro é uma figura difícil de ler. Você não sabe quando está feliz, triste, chateado. Moro é uma pessoa inexpressiva nesse sentido”, afirmou a deputada

Carla Zambelli - Foto: Michel Jesus/Agência Câmara
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A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) declarou, nesta terça (23), em entrevista à Rádio Jovem Pan, que acredita que o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro vai disputar a eleição para presidente da República, em 2022. Ela avalia que ele tomará a decisão, porque não tem mais chances de ser indicado ao Supremo Tribunal Federal (STF).

“Eu achava realmente que a intenção dele era ir para o STF porque ele tem perfil de ministro. Não consigo imaginar Moro em um palanque pedindo votos, mas acho que ele viu que a vaga para o STF era quase impossível de acontecer. O fato de aceitar ser colunista, dar entrevistas, não sair da esfera pública, me dá indícios que ele vai concorrer algum cargo em 2022, possivelmente contra o presidente Bolsonaro”, destacou.

Carla Zambelli foi questionada a respeito de um possível segundo turno entre Moro e Bolsonaro. Em sua avaliação, a esquerda tem possibilidade de apoiar o atual presidente, por mais improvável que isso possa parecer.

Entre as justificativas, a deputada mencionou o auxílio emergencial durante a pandemia de coronavírus.

“Eu vejo uma possibilidade da parcela da população das pessoas que pensam que são de esquerda virem para o Bolsonaro, porque perceberam no presidente uma pessoa preocupada com os mais pobres. As pessoas vão perceber que o Moro é uma figura difícil de ler. Você não sabe quando está feliz, triste, chateado. A população quer ver uma pessoa que você possa sentir e acho que o Moro é uma pessoa inexpressiva nesse sentido”, destacou.

Desculpas

Depois que Moro pediu desculpas por afirmar que aceitou ser padrinho de casamento da deputada por “constrangimento”, Carla Zambelli disse que o ex-ministro de Bolsonaro é "página virada".

“Vejo sinceridade quando de ter sido mal colocada a palavra constrangimento, porque de fato não houve constrangimento. Quanto ao pedido de desculpas, não cabe a mim desculpar, quem tem que desculpá-lo é Deus. Quando você acha que é suficiente para desculpar alguém você já se coloca em um nível de superioridade a essa pessoa, que não é o meu caso”, pregou.

A parlamentar do PSL ressaltou, ainda, que Moro deveria voltar atrás quando divulgou conversas entre ambos sobre uma vaga no STF.

“Ele acabou me expondo de tal maneira que estou com pelo menos três inquéritos criminais no STF e cinco pedidos de cassação na Câmara dos Deputados. Ele expôs um print de maneira seletiva com um pedaço da conversa que ele sabe que eu não estava querendo comprá-lo”, justificou.

“Ele sabe que o intuito não era vender uma vaga, porque eu não tinha esse poder. Talvez o melhor pedido de desculpas dele seja ele ser testemunha de defesa em todos esses casos que eu posso ser presa, cassada. O termo desculpa é quando você está arrependido de algo e eu não o vejo com esse arrependimento", completou.

Com informações do UOL