Para Fenaj, eleição de Bolsonaro provoca "futuro incerto para a democracia, o jornalismo e os jornalistas"

Principal representante da categoria dos jornalistas no Brasil divulgou nota em que expressa preocupação com a postura de Bolsonaro e seus seguidores com relação à imprensa; "O político de ultra-direita é avesso a críticas e não admite ser questionado publicamente"

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A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), principal entidade que representa a categoria dos jornalistas no Brasil, expressou preocupação com a democracia diante da eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para presidente do Brasil. Em nota elaborada na segunda-feira (29) e divulgada nesta terça-feira (30), a Federação aponta os inúmeros casos de violência contra jornalistas observados durante a campanha eleitoral e chama a atenção para a postura intolerante de Bolsonaro e seus apoiadores diante das críticas. "Os muitos casos de agressões contra jornalistas ocorridos durante a campanha eleitoral e a indiferença de Bolsonaro diante dos ataques reforçam o que a trajetória política dele já demonstrara: o político de ultra-direita é avesso a críticas e não admite ser questionado publicamente, mesmo quando as questões dizem respeito à sua atuação como homem público", diz a nota. Leia também Jornalista pede demissão ao vivo após ser censurado por Bolsonaro Além dos casos citados pela FENAJ, o presidente eleito, por mais de uma vez, ameaçou grandes empresas de jornalismo do Brasil, como a Folha de S. Paulo, por conta da matéria que denunciava um suposto esquema de caixa 2 em sua campanha. O capitão da reserva chegou a dizer que "esse jornal acabou" e prometeu fazer prevalecer a "mão pesada" de seu futuro governo contra o veículo. "Ainda que Bolsonaro tenha assumido o compromisso de respeitar a Constituição brasileira, é de conhecimento público suas ideias autoritárias, como a defesa da ditadura militar, e até mesmo criminosas, como a apologia à tortura. Resta saber como vai se comportar a partir de agora, e se vai se submeter às regras democráticas, entre elas a do respeito às liberdades de expressão e de imprensa", alerta a federação. Confira, abaixo, a íntegra da nota. A Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, representante máxima da categoria no Brasil, expressa sua preocupação com o futuro da nação brasileira, após a eleição da chapa formada pelo capitão reformado Jair Bolsonaro e pelo general Mourão, também reformado, para governar o país a partir de 1º de janeiro de 2019. A FENAJ repudia a violência contra jornalistas e, em especial, as declarações do assessor de Bolsonaro, Eduardo Guimarães, que apenas esperou a divulgação, no início da noite de ontem (28/10), das pesquisas de boca de urna indicando a vitória de seu assessorado para enviar mensagem ofensiva a diversos jornalistas de diferentes veículos de mídia. Também ontem, jornalistas foram agredidos enquanto faziam a cobertura das comemorações da vitória de Bolsonaro em mais de um Estado brasileiro. Os muitos casos de agressões contra jornalistas ocorridos durante a campanha eleitoral e a indiferença de Bolsonaro diante dos ataques reforçam o que a trajetória política dele já demonstrara: o político de ultra-direita é avesso a críticas e não admite ser questionado publicamente, mesmo quando as questões dizem respeito à sua atuação como homem público. Ainda que Bolsonaro tenha assumido o compromisso de respeitar a Constituição brasileira, é de conhecimento público suas ideias autoritárias, como a defesa da ditadura militar, e até mesmo criminosas, como a apologia à tortura. Resta saber como vai se comportar a partir de agora, e se vai se submeter às regras democráticas, entre elas a do respeito às liberdades de expressão e de imprensa. A FENAJ e os Sindicatos de Jornalistas não aceitam qualquer tipo de violência contra a categoria e categoricamente afirmam que não há justificativa admissível para as agressões que vêm ocorrendo e que cresceram no ambiente virtual no decorrer da campanha. Igualmente, FENAJ e Sindicatos não aceitam a retirada de direitos dos trabalhadores e trabalhadoras e estarão nas trincheiras da resistência, para evitar mais prejuízos. Como deputado, Bolsonaro votou sempre contra os interesses da classe trabalhadora. Estaremos firmes e alertas para impedir que os retrocessos iniciados por Temer se aprofundem ainda mais. Diante das incertezas do futuro, a FENAJ e seus Sindicatos filiados reafirmam seu compromisso com a democracia, com o Estado Democrático de Direito, com as liberdades individuais e coletivas e com os direitos humanos, trabalhistas e sociais. E lembram que o Jornalismo e os jornalistas têm papel fundamental para a democracia e a constituição da cidadania e que governantes democráticos submetem-se à crítica e, principalmente, à vontade da maioria que, no Brasil e no mundo, é constituída pela classe trabalhadora. Em defesa da democracia! Em defesa das liberdades de expressão e de imprensa! Em defesa do Jornalismo e dos jornalistas! Em defesa dos direitos da classe trabalhadora! Brasília, 29 de outubro de 2018. Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ.