Para Juliano Medeiros, DEM é incapaz de manter uma política independente do bolsonarismo

Presidente do PSOL acredita que a saída de Rodrigo Maia do DEM seria “a demonstração final que o ‘liberalismo’ da direita vai até onde começam seus interesses de composição com a extrema direita”

Juliano Medeiros – Foto: Cleia Viana/Câmara dos DeputadosCréditos: Cleia Viana/Câmara dos Deputados
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O dia da conturbada eleição à presidência da Câmara, nesta segunda-feira (1), foi marcado pela postura do presidente do DEM, ACM Neto, que traiu o atual comandante do Legislativo, Rodrigo Maia (DEM-RJ), trocando o apoio do partido a Baleia Rossi (MDB-SP) por Arthur Lira (PP-AL), nome defendido por Jair Bolsonaro.

Com isso, Rodrigo Maia já teria, inclusive, avisado a ACM Neto que vai deixar o DEM, pois não pode ficar em um partido aliado a Bolsonaro.

Na avaliação de Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, a saída de Maia do DEM, se confirmada, “é a demonstração final que o ‘liberalismo’ da direita vai até onde começam seus interesses de composição com a extrema direita. A incapacidade do DEM de manter uma política independente do bolsonarismo criou uma situação insustentável para quem quer se diferenciar das forças extremistas da direita brasileira”, avalia Medeiros.

Para o presidente do PSOL, a saída de Maia do DEM não deve impactar profundamente a correlação de forças na Câmara dos Deputados.

“Rodrigo Maia é um deputado influente, mas não é a expressão de um bloco coeso, de forças políticas capazes de ter vida própria na Câmara, longe dos acordos com o ‘Centrão’”, diz.

Em relação a como o campo progressista deve lidar com esse novo cenário, a partir da mudança de partido de Maia, Medeiros afirma que a prioridade das forças de esquerda e centro-esquerda deve ser viabilizar um projeto que tenha como centro a reconstrução do Brasil e a superação da crise.

“Isso deve ser feito explorando as contradições que existem nas forças da direita tradicional, mas afirmando uma identidade, um programa que enfrente os privilégios, a corrupção e as políticas de retirada de direitos. Não é possível transferir às forças que foram responsáveis pelo golpe e, portanto, pelo aprofundamento da crise, a responsabilidade por superá-la”, completa.

Paulo Teixeira – Foto: Lúcio Bernardo Júnior/Câmara dos Deputados

Interferência

O deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP) acredita que “Maia foi derrotado por Bolsonaro, que interferiu na vida interna do DEM e o desautorizou. Não lhe resta outra saída diferente de sair do partido”.

Teixeira avalia que a troca de partido que deverá ser feira por Maia “aumentará a oposição e a pressão pelo impeachment de Bolsonaro”.

No que se refere ao campo progressista e o que pode mudar com a filiação de Maia a outro partido, o deputado petista diz: “Ficaram muitas mágoas dessa disputa à presidência da Câmara. Precisamos fortalecer a oposição e o pedido de impeachment com os grupos que se distanciam do governo”.