Para não acabar em pizza, frente parlamentar será instalada após CPI da Covid

A Frente Parlamentar Observatório da Pandemia de Covid-19 acompanhará os desdobramentos da CPI após a entrega do relatório final e cobrará providências de autoridades

Sessão da CPI do Genocídio - Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado
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Muitos acreditam que a CPI do Genocídio, prestes a ter os trabalhos concluídos no Senado, terminará em "pizza" - isto é, não mudará nada e não conseguirá penalizar os responsáveis pelo fato do Brasil ter sido um dos piores países do mundo na condução de políticas de enfrentamento à pandemia do coronavírus.

Para evitar que isso aconteça e garantir respostas à população, os senadores da CPI já definiram que, após a entrega do relatório final, prevista para 19 de outubro, será instalada uma frente parlamentar que acompanhará os desdobramentos dos resultados da comissão.

A ideia partiu da senadora Zenaide Maia (Pros-RN) e foi aprovada pelos demais membros do colegiado, como o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (DEM-AP). O nome oficial do grupo, que será composto, a princípio, apenas por senadores, será "Frente Parlamentar Observatório da Pandemia de Covid-19".

“É preciso cobrar providências das autoridades sobre as recomendações do relatório final da CPI da Covid, para que ninguém se esqueça do que aconteceu com os brasileiros nessa pandemia; para que os responsáveis sejam efetivamente punidos; e para que nunca mais esse morticínio aconteça", afirmou Zenaide.

Diferente de um observatório informal, a frente parlamentar tem amparo do regimento interno do Senado para ser instalada e as reuniões devem acontecer na própria casa legislativa.

Relatório final vai ligar Bolsonaro a 11 crimes

Em entrevista à Folha de S. Paulo divulgada no sábado, o relator da CPI do Genocídio, senador Renan Calheiros (MDB-AL), chamou Jair Bolsonaro de “mercador da morte” e informou que já listou 11 crimes supostamente cometidos pelo presidente no contexto da pandemia.

“É um facínora, e esse governo criou o gabinete da morte, um ministério paralelo, também responsável pelo extermínio dos brasileiros. Por causa disso tudo, desse impedimento óbvio e majoritário, ele será responsabilizado”, declarou.

Segundo o senador, os filhos do presidente também devem ser citados no relatório final da CPI, a ser apresentado no dia 19 de outubro.

“Evidentemente que eu não posso dizer o que estou cogitando, não posso antecipar, porque todas dependerão da maioria da CPI e não apenas do relator. Mas nós estamos estudando todas essas hipóteses, inclusive em relação aos filhos, na negociação de vacinas, de defesa do que aconteceu na Prevent Senior, no gabinete do ódio, nas fake news”, informou.

Renan Calheiros também adiantou que os “personagens centrais” de seu relatório serão, além de Bolsonaro, o ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello e o coronel Élcio Franco. Ele adiciona, contudo, que o relatório deve propor o indiciamento de 40 pessoas ao todo.