Parlamentares reagem à fala Carluxo contra a democracia: "fora da via democrática está o autoritarismo"

O filho tuiteiro do presidente deixou explícito que não acredita em mudanças por vias democráticas; deputados viram na fala sinal de autoritarismo, censura e ameaça à liberdade de expressão

Carlos Bolsonaro (Reprodução)Créditos: Arquivo
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O Congresso reagiu nesta terça-feira (10) às falas do vereador Carlos Bolsonaro (PSL-RJ), filho “02” do presidente Jair Bolsonaro (PSL). Depois de afirmar que “por vias democráticas a transformação que o Brasil quer não acontecerá na velocidade que almejamos”, parlamentares inundaram as redes sociais com mensagens de  preocupação sobre o desmonte da democracia. Referindo-se ao vereador como “idiopata”, o vice-líder do PCdoB, deputado Márcio Jerry (MA) defendeu a formação de uma frente ampla para restaurar a normalidade no país. “Houve um golpe sim. E grave! Contudo, estacionar a política nele impede que se descortine caminhos de superação. A Frente Ampla hoje é necessidade histórica de sobrevivência da democracia no Brasil. Avaliar melhor o presente e olhar pro futuro é nosso desafio”, ressaltou. Talíria Petrone (PSOL-RJ) alertou para a gravidade do projeto em curso no país. “O que falta para se entender que Bolsonaro prepara um golpe fascista contra a democracia e a sociedade brasileira? Carlos Bolsonaro, seu filho preferido, acaba de assumir isso explicitamente no Twitter. É hora de darmos um basta! Precisamos interromper Bolsonaro e toda sua corja enquanto é tempo. A mais ampla unidade democrática deve tomar as ruas”, apontou. Líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (RS) recordou que declarações semelhantes fazem parte do histórico do clã Bolsonaro. "Carlos Bolsonaro, que na prática é um ministro sem pasta, refaz em outros termos a afirmação de seu pai 20 anos antes. Jair Bolsonaro defendeu o fechamento do Congresso, o assassinato do presidente da República e de mais "uns 30 mil". Essa FAMILÍCIA é uma ameaça ao Brasil”, disse. Margarida Salomão (PT-MG) apontou a necessidade de dar um fim a afirmações semelhantes. “Quantas outras ameaças à democracia precisaremos para tomar consciência do risco que representa a continuidade do governo Bolsonaro? Ou, mais uma vez, assistiremos bestializados um golpe acontecer? Chega de berço esplêndido. É #ForaBolsonaro”. A líder da Minoria na Câmara, a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) também alertou para os riscos embutidos na mensagem do filho do presidente. “Fora da via democrática está o autoritarismo, a censura, o fim da liberdade. A transformação sem democracia é retrocesso, perda de direitos e um terreno fértil para uma ditadura que esperamos nunca mais se repita”, salientou. Tabata Amaral (PDT-SP) foi outra a expor sua opinião. “Para Carlos Bolsonaro, vias democráticas não trarão a transformação que o país precisa. O que ele sugere? A tirania? A democracia é o único caminho a se seguir para termos uma sociedade justa, livre e inclusiva. O nosso avanço será pela pluralidade e não pela censura e repressão”, escreveu em seu Twitter. Já Perpétua Almeida (PCdoB-AC) recorreu à figura de Ulysses Guimarães, um dos principais opositores à ditadura militar, para demonstrar sua indignação. “Traidor da Constituição é traidor da pátria! Conhecemos o caminho maldito: rasgar a Constituição, trancar o Parlamento, garrotear as liberdades, mandar os patriotas para a cadeia, exílio, cemitério. Tenho ódio à ditadura’, disse Ulysses, ao promulgar a “Constituição Cidadã” de 1988”, recordou.