A parte do depoimento de Lula que a mídia tradicional não mostra

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As considerações finais de Lula no seu depoimento ao juiz Sérgio Moro formam uma peça histórica. Uma fala a ser estudada pela posteridade.  Naquele momento, o ex-presidente relembrou a todos quem é, o que representa e, sobretudo, o que está em jogo. E que está em campo, jogando melhor do que nunca. Por Julinho Bittencourt Desde o começo da noite da última quarta-feira (10), quando Lula encerrou o seu depoimento de quase cinco horas ao juiz Sérgio Moro, inúmeras versões têm sido publicadas pela imprensa. Num primeiro momento, o Jornal Nacional, com a desculpa dada no ar de que estava divulgando trechos muito em cima da hora, promoveu uma trapalhada histórica ao colocar um mesmo corte duas vezes. A ânsia de pegar o ex-presidente em algum momento ruim causou um enorme constrangimento em cadeia nacional. Não havia nada. O mesmo se repetiu na emissora a cabo da Rede Globo, a Globo News. Com o que eles consideram o seu melhor time de comentaristas no ar, inclusive com as mulheres muito mais maquiadas e penteadas do que o costume, o constrangimento era indisfarçável, ao ponto da veterana Cristiana Lobo soltar que tudo deveria parecer muito chato e comezinho para o espectador. Um apartamento cheio de defeitos com absolutamente nenhuma prova de propriedade, um sem fim de perguntas repetitivas e, aparentemente, sem importância. O dia amanheceu com a grande imprensa um tanto mais organizada, insistindo em mostrar falas que consideravam pequenos deslizes de Lula. Nada, de fato, com um mínimo da importância que eles tanto sonhavam e esperavam. Considerações Finais O melhor mesmo, no entanto, eles esconderam. Ou não se deram ao trabalho de mostrar, que foram as considerações finais do ex-presidente, expondo as feridas de forma curta, grossa e direta, como é do seu feitio. “Eu estou sendo vítima da maior caçada jurídica que um político brasileiro já teve. Estou sendo julgado pela construção de um power point mentiroso, feito por quem  não conhece política e que tinha a tese pronta de que o PT era uma organização criminosa, o Lula o seu comandante e que nós assumimos o governo para roubar, que é uma tese iminentemente política”, fulminou. “Nunca, ninguém que me acusou respeitou que neto meu está sofrendo bullying na escola todo santo dia por conta de mentiras. Em todos os depoimentos que deram ao meu respeito, qual era o tratamento que a imprensa, que o Jornal Nacional dava ao Lula no dia seguinte? Era o de criminaliza-lo. Era preciso me criminalizar, independentemente de, daqui a dois anos eu provar que sou inocente”. Dai pra frente, Lula desfia com números exatos uma injustificável perseguição que tem sofrido da grande imprensa, tudo, conforme ele mesmo reitera várias vezes, com informações ou da polícia ou do Ministério Público. Vazamentos praticados, inclusive, pelo próprio Moro, que estava ali na sua frente: 25 capas contrárias da Revista Isto É, 19 da Veja, 11 da Época. A Folha de São Paulo nesse mesmo período fez 298 matérias contra o Lula e apenas 40 favoráveis. O jornal O Globo que, conforme ele diz, é o mais amigo, tem 530 matérias negativas e oito favoráveis. O Jornal Nacional fez 18 horas falando mal do Lula. “São 12 partidas de futebol”, conforme lembra o próprio Lula. Um sem fim de dados que provam, comprovam e reafirmam o que qualquer um desprovido de um mínimo de cinismo sabe e assiste todos os dias na sala de casa. Na quinta-feira (11), pela manhã, o jornalista Valdo Cruz comentava que o depoimento, como se fosse um jogo, havia sido um empate entre Lula e Moro. Do alto da sua dimensão histórica, Lula relembrou a todos quem é, o que representa e, sobretudo, o que está em jogo neste momento tão delicado da nossa história. E, mais ainda, deixou claro que está em campo, jogando melhor do que nunca.